postado em 28/03/2009 08:00
As falhas no atendimento à saúde provocaram, somente entre janeiro e fevereiro deste ano, a morte de 17 Ãndios xavante na terra indÃgena Parabubure, localizada próxima ao municÃpio de Campinápolis (MT). Segundo integrantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em três das microáreas do polo, administrado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), as equipes estão incompletas e faltam materiais e medicamentos básicos, como dipirona e soro oral. Além disso, há somente uma Mitsubishi L200 para levar os Ãndios até as cidades mais próximas. Nesta época do ano, quando as chuvas caem com frequência, o único veÃculo fica dias parado em manutenção.
O Cimi já formalizou uma denúncia sobre a situação dos xavantes no Ministério Público Federal (MPF). De acordo com Gilberto Vieira, coordenador do conselho em Mato Grosso, além da falta de transporte e remédios, não existem equipes de atendimento multidisciplinar e o número de profissionais de saúde não é suficiente para atender toda a população indÃgena da região, estimada em 5.453 Ãndios, divididos em 96 aldeias. ;É impossÃvel um único carro realizar atendimento adequado em 30 aldeias. Mesmo que o veÃculo seja novo, não tem como viabilizar todos os chamados. Recentemente, uma Ãndia da etnia Nambikwara, entrou em trabalho de parto e não foi socorrida a tempo de salvar sua vida. A viatura solicitada só chegou quatro horas depois de ser chamada. Por sorte, o bebê sobreviveu;, conta.
Coordenador da Funasa no Mato Grosso, Marco Antônio Stangherlin confirma o número de óbitos na etnia, mas diz que não são 14 crianças ; como o Cimi informa ; que morreram, mas sim quatro. ;O grande problema na região é a dificuldade de acesso. E isso piora bastante no perÃodo das chuvas, quando os veÃculos da nossa frota quebram constantemente. Não é de responsabilidade da Funasa cuidar das estradas;, rebate. Sobre a falta de remédios, Stangherlin admite o problema e informa que foi assinado um convênio emergencial com a organização não-governamental Ideti, que fornece medicamentos aos Ãndios desde 2 de fevereiro. ;Já lançamos um edital de licitação e, em 20 dias, no máximo, haverá o suprimento dos remédios em falta;.
Para amenizar a falta de transporte de emergência na região, Stangherlin anuncia que comprou mais 5 L200 4x4 para a frota da Funasa. ;Ainda não sei, mas um ou dois carros serão enviados à região onde vivem os xavantes. Também já encomendamos duas ambulâncias e mais nove veÃculos leves.;
Transferência
Em entrevista ao Correio, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que pretende concluir a transferência da saúde indÃgena da Funasa para a sua pasta até o fim de abril deste ano. ;As etnias, o ministério, a Fiocruz , a Funai e a Funasa estão ultimando uma série de propostas e medidas. Estamos todos juntos discutindo;. Uma das medidas, de acordo com ele, vai dar autonomia administrativa aos Diseis (distrito sanitário especial indÃgena). ;A ideia é que lá na ponta haja mais autonomia e capacidade de gerenciar o atendimento à s populações indÃgenas.;
» Ãudio: ouça entrevista com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão