Brasil

Promotor do caso Isabella afirma ter provas contundentes contra pai e madrasta da menina

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postado em 29/03/2009 09:23
São Paulo ; O crime que chocou o país completa hoje um ano e movimenta os bastidores da Justiça em São Paulo. No Ministério Público, o promotor Francisco Cembranelli está tão convicto de que Alexandre Nardoni, 30 anos, e Anna Carolina Jatobá, 25 mataram Isabella Nardoni, 5, que pedirá pena máxima. A expectativa é que o casal enfrente o Júri Popular no início do segundo semestre. Sem adiantar as provas, Cembranelli pretende revelar apenas durante o julgamento os motivos que teriam levado o casal a perfurar a testa da criança com um objeto cortante, esganá-la e, na sequência, jogá-la do sexto andar na noite de 29 de março do ano passado. A defesa vai tentar evitar o julgamento com um recurso especial no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas os advogados do casal colecionam fracassos na Justiça. Tentam sem sucesso, por exemplo, conseguir um habeas corpus para que Alexandre e Anna Carolina, presos há 11 meses, voltem para casa. Até agora já foram 17 pedidos na Justiça de São Paulo, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, por último, no STF. ;Estamos confiantes. Na época que eles cumpriam prisão temporária, nós conseguimos uma liminar. As outras foram negadas porque os magistrados não estão analisando o caso com profundidade;, ressaltou Marco Polo Levorin, advogado que coordena a defesa do casal. Pesquisa A acusação realizou um trabalho amplo de pesquisa que será um grande trunfo no dia do julgamento. A vida pregressa de Alexandre e Anna Carolina foi investigada e será apresentado ao júri um histórico de agressões entre o casal. Anna Jatobá será descrita como uma mulher agressiva, passional e muito ciumenta. Já Alexandre tem histórico de brigas e atos de violência doméstica, segundo a acusação. Ao traçar esse perfil, a defesa pretende mostrar que os dois foram capazes de assassinar Isabella. ;O conjunto de provas é farto. Não tenho dúvida que eles são culpados;, diz Cembranelli. O motivo do crime, segundo o Ministério Público: ciúmes da madrasta e discussão por causa da falta de dinheiro. Alexandre e Anna Carolina estão presos em presídios de Tremembé, a 147km de São Paulo. Ele fica a maior parte do tempo em uma cela de 25m² que divide com um preso acusado de latrocínio. Já fez amizades no presídio e é considerado um dos presos mais bem comportados. Para amenizar a pena, decidiu trabalhar na lavanderia. Ele é acusado de jogar a filha pela janela para simular um assalto. Já a madrasta tem sobre as costas a acusação de estrangular Isabella logo após aplicar um golpe na testa com um objeto perfurante. Na penitenciária feminina, Anna Carolina virou evangélica e divide o tempo entre orações e um trabalho na cozinha e num atelier. Ela já fez amizade com as demais presas e teria ficado íntima de outra detenta famosa, Suzane von Richthofen, que cumpre pena por ter matado os pais com ajuda do ex-namorado. ENTREVISTA//Francisco Cembranelli O senhor está 100% convencido de que o casal assassinou Isabella? Temos muitas provas que serão apresentadas ao júri mostrando que os dois cometeram o crime. Não restam dúvidas. O processo está bem instruído. Os jurados vão ter uma visão panorâmica de tudo o que aconteceu naquela trágica noite de 29 de março. O senhor está confiante de que os dois réus serão condenados? Não tenho a menor dúvida que reunimos provas suficientes para convencer os jurados de que os dois réus assassinaram a pequena Isabella. Tenho certeza que eles serão condenados por unanimidade. O senhor está com receio de que a acusação consiga um recurso para protelar o julgamento? Procuro não pensar nisso. Mas claro que se trata de um direito recorrer a instâncias superiores para adiar o julgamento. Estou aguardando o processo ser devolvido pela Justiça para que possamos marcar a data do julgamento. Que tipo de prejuízo a acusação teria se o julgamento for adiado? Acredito que um adiamento mediante recurso traria decepção à sociedade, que espera um desfecho para esse caso. Sempre propus levar os dois réus a julgamento rapidamente e, para isso, tive que vencer muitas as etapas processuais. Um adiamento também faria o clamor popular diminuir. Qual a principal prova de que o casal realmente é culpado? São muitas. Existe um conjunto de provas muito grande. Há muitos laudos, testemunhas importantes que serão apresentadas no dia do julgamento. Vamos apresentar tudo isso ao júri para que ele tenha convicção que o casal matou Isabella e que é preciso fazer justiça. O senhor tem alguma testemunha nova ou prova ainda não apresentada para revelar só no dia do julgamento? A justiça brasileira não permite que se apresente testemunhas ou provas de última hora sem autorização prévia do juiz. Se surgir algo novo, temos que apresentar com três dias de antecedência. Diria que a novidade será a forma com que farei a exposição das provas ao Tribunal do Júri. O senhor está ansioso pelo o dia do julgamento? Estou e essa ansiedade é natural. Faz até parte do meu trabalho. Atuo semanalmente no Tribunal do Júri e sempre fico ansioso. Como este caso teve repercussão nacional, há uma ansiedade maior. Mas eu aguardo com tranquilidade que o Judiciário marque a data do julgamento.

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