postado em 08/04/2009 18:14
Um grupo de cerca de 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupa, desde a madrugada desta quarta-feira (8), a Fazenda Putumuju, localizada em Mundo Novo, distrito de Eunápolis, 658 quilômetros ao sul de Salvador.
A ação, segundo a liderança do movimento, integra a mobilização conhecida como Abril Vermelho - que lembra o episódio em que 19 trabalhadores rurais sem-terra foram mortos por policiais militares em Eldorado dos Carajás (PA), em 17 de abril de 1996 - e tem como objetivo pressionar o governo baiano a acelerar os processos de desapropriações de terra no Estado.
De acordo com o dirigente do MST Márcio Matos, a fazenda ocupada de 4,7 mil hectares, é devoluta, ou seja, deveria ser devolvida ao Estado para fins de reforma agrária. Em vez disso, estaria sendo usada pela Veracel Celulose para o plantio de eucalipto, matéria-prima da produção de papel. A Veracel informou que não irá se pronunciar sobre o caso justificando que a propriedade não é da empresa, mas de um fornecedor, que não foi localizado. A assessoria da Secretaria Estadual de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) limita-se a informar que a situação "está sendo apurada".
Matos também afirma que há mais de 20 mil hectares de terras devolutas na região sendo usadas pela empresa, que poderiam ser destinadas ao assentamento de 5 mil famílias de sem-terra. "Há dois anos o Estado não promove as desapropriações", alega o dirigente. Os invasores passaram o dia derrubando árvores de eucalipto para plantar milho e feijão. Espera-se, até amanhã, a chegada de mais mil trabalhadores rurais à fazenda. O dirigente do MST afirma que até o dia 17 as invasões na região serão intensificadas.