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Prêmio Itaú-Unicef reconhece quem estimula o aprendizado também fora da escola

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postado em 13/04/2009 08:44
Preparar as crianças e os adolescentes com todas as habilidades necessárias para encarar a sociedade e o mundo do trabalho não é tarefa que deva ser desempenhada apenas pela escola. Essa é a defesa feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). ;As crianças têm o direito de aprender. Isso não significa só ter acesso ou permanecer na escola. Somos a favor de uma educação integral, contextualizada e individual a cada estudante;, pondera Maria de Salete Silva, coordenadora dos programas de educação do Unicef. Com essa ideia, o Unicef e a Fundação Itaú Social premiam, a cada dois anos, experiências que contribuam para o aprendizado das crianças fora da escola. Desde 1995, um tema é escolhido para valorizar o trabalho de organizações não-governamentais de todo o país. No ano em que não há premiação, os vencedores do ano anterior recebem capacitação e orientação das entidades. Em 2009, o Prêmio Itaú-Unicef Educação e Participação terá como tema: tempos e espaços para aprender. As inscrições estão abertas até 25 de maio (veja quadro) e o prêmio máximo chega a R$ 150 mil. Ana Beatriz Patrício, diretora da Fundação Itaú Social, afirma que o objetivo da premiação é induzir a criação de políticas de educação integral, o que não deve ser entendido como garantir o acesso dos alunos a escolas que funcionem em tempo integral. ;Para que o desenvolvimento da criança seja integral, ela precisa conviver com a família e com a comunidade. Todos esses espaços oferecem oportunidades de aprendizagem: arte, música, informática. Fora a convivência em sociedade, a comunicação;, destaca Maria do Carmo Brant de Carvalho, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Salete ressalta que há muitas experiências positivas realizadas em todo o país que integram escolas, ONGs, universidades e associações com atividades culturais, esportivas e artísticas. As iniciativas ocorrem no horário contrário ao das aulas. Elas utilizam clubes, parques, ruas, quadras esportivas públicas, associações, ou até o próprio espaço escolar. O importante é que todas as atividades sejam orientadas e articuladas com o que é feito na escola. Transformação Com força de vontade e muita dedicação, uma ONG vem conseguindo mudar a trajetória de moradores da Expansão de Samambaia. O local, antes conhecido pela violência e tráfico de drogas, está se tornando popular pelo trabalho da Sociedade da Expansão. A organização, criada há sete anos pelo radialista Edvaldo Ferreira, mantém um projeto de educação e comunicação que já beneficiou cerca de 200 crianças. Por conta disso, a iniciativa foi premiada pela Fundação Itaú Social e o Unicef em 2007. ;Tivemos a certeza de que estamos no caminho certo. Com boa vontade, podemos fazer algo;, pondera. Elas participam do projeto Radialistas do futuro. Lá, os estudantes aprendem a criar programas de rádio, fazer entrevistas e a lutar pelos interesses da infância. Os encontros acontecem três vezes por semana, em horários que não atrapalhem os estudos dos jovens. Ao contrário, os estudantes, as famílias e as escolas da comunidade garantem que o desempenho dos adolescentes nas disciplinas convencionais melhorou depois do projeto. ;Aprendi a me comunicar melhor, não tenho mais vergonha de apresentar trabalhos na escola. Minhas notas aumentaram muito;, conta Talita Neres dos Santos, 12 anos. O sucesso dos radialistas mirins começou em Samambaia mesmo. Primeiro, eles ganharam um espaço em uma rádio local. Depois, alçaram voos mais altos. Há cinco anos, eles apresentam um programa semanal (aos domingos), na Rádio Nacional. Naiana Santos, 17 anos, gostou tanto do que aprendeu que encontrou a profissão. Ela está cursando o 1º semestre de jornalismo. ;Quero colocar em prática aqui o que estou aprendendo na faculdade. Vou dar aulas também. Projetos assim são muito importantes para uma comunidade como a nossa, que não tem opção de lazer;, opina. ENTRE NA DISPUTA Inscrições até 25 de maio Quem pode participar Há duas categorias: ONGs e Alianças. A primeira é dedicada às ONGs sem fins lucrativos que desenvolvem projetos socioeducativos articulados com as escolas públicas para fortalecer o processo de aprendizagem de crianças e adolescentes. A segunda vai premiar as ações realizadas a partir de alianças entre diferentes organizações, empresas, instituições públicas, associações e universidades que tenham o objetivo de promover a educação integral. Cada organização pode inscrever mais de um projeto ; desenvolvidos depois de 25 de maio de 2008. Como se inscrever As fichas de inscrição estarão em todas as agências do Itaú e nos escritórios do Unicef. Os candidatos também podem se inscrever pela internet nos sites: www.fundacaoitausocial.org.br, www.unicef.org.br ou www.cenpec.org.br. Critérios de seleção Os projetos terão de passar por seis etapas até a premiação. Serão divididos em oito regionais. Para a premiação, serão avaliados as capacidades técnica, política e financeira de sustentabilidade da organização; sintonia com a legislação vigente, oferta de oportunidades de desenvolvimento para crianças e adolescentes, nível de articulação com a escola pública, resultados alcançados, relevância local, potencial de transformação e caráter inovador do projeto. Prêmios Serão escolhidos até 32 projetos vencedores regionais na categoria ONG, que receberão R$ 10 mil, um computador e uma impressora. Desses, serão escolhidos até quatro projetos vencedores nacionais por tamanho da organização (micro, pequeno, médio e grande porte) e cada um receberá R$ 70 mil; e ainda haverá um grande vencedor nacional, que ganhará R$ 150 mil. As alianças receberão menções honrosas. Resultados Os vencedores regionais serão conhecidos entre setembro e outubro, em data a ser definida. Já os nacionais serão divulgados em novembro, junto com as alianças premiadas. Informações Consulte o regulamento do prêmio nos sites www.unicef.org.br ou www.fundacaoitausocial.org.br

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