postado em 22/04/2009 08:47
Indígenas da etnia ticuna decidiram combater o crime com as próprias mãos e criaram há quatro meses uma delegacia na aldeia Umariaçu, em Tabatinga, cidade a 1.105km de Manaus. Vestindo fardas desenhadas pelos próprios índios, os ;policiais; usam palmatória, chicotes e cassetetes para reprimir a violência local. Os detidos são levados para uma prisão de 1,5m². Nos uniformes, há um logotipo ; dois cassetetes e um facão ; e a inscrição Serviço de Proteção ao Índio (SPI). ;Estavam cansados da omissão do poder público e resolveram tomar a iniciativa para proteger sua gente e suas terras;, defende o dirigente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Sateré.
Na semana passada, Jecinaldo foi a Tabatinga para reunir-se com pajés da aldeia Umariaçu. ;Pediram apoio para a delegacia e ontem (segunda-feira) encaminhamos a carta com o pedido ao Ministério da Justiça e ao governo do Amazonas;, conta. Os indígenas convocados para integrar a polícia na aldeia são ex-soldados do Exército e usam essa experiência para coibir o crime. Com o avanço do alcoolismo na aldeia, aumentou o envolvimento com drogas e violência.
Dentro da aldeia, foi proibida a entrada de bebidas alcoólicas desde a criação da delegacia. Os 60 ;policias trabalham em três turnos e também fazem serviço de ronda na área da aldeia, controlando o fluxo de veículos e de pessoas que entram e saem. ;Eles (os índios) têm um levantamento que mostra uma queda em 80% dos crimes causados especialmente por embriaguez, no balanço desses quatro meses de delegacia;, destaca Jecinaldo.