postado em 25/04/2009 08:10
As regiões Nordeste e Sudeste concentram os maiores Ãndices de pessoas que sofrem de anemia. Nos estados nordestinos, a porcentagem de mulheres entre 15 e 49 anos anêmicas chega a 40% e a de meninos e meninas com até 5 anos, a 25,5%. No Sudeste, os Ãndices são de 28,5% e 22,6%, respectivamente. As taxas estão acima da média observada nacionalmente: 20,9% entre as crianças e 29,4% nas mulheres pesquisadas.
Os resultados são de um estudo divulgado ontem em BrasÃlia, no encerramento do IX Encontro Nacional da Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde, e se baseiam na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher de 2006. Essa é a primeira vez que investigou-se o perfil nutricional do paÃs por meio da análise laboratorial do sangue coletado de mais de 15 mil mulheres e 5 mil crianças de todo o paÃs. Financiado pelo Ministério da Saúde, o estudo foi realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrape).
A pesquisa avaliou também os Ãndices de deficiência de vitamina A (hipovitaminose A). Surpreendentemente, a região mais rica do paÃs tem a maior taxa de crianças com o problema (21,6%). O Ãndice é mais alto que no Nordeste (19%). Na média nacional, essa carência nutricional afeta 17,4% dos pequenos e 12,3% das mulheres.
Apesar de os dados nacionais colocarem o paÃs em uma posição moderada em relação a outros paÃses, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), eles preocupam devido aos problemas que os dois males podem causar: cegueira, atraso no desenvolvimento cognitivo e agravos que podem levar à morte.
;Já esperávamos que o Nordeste apresentasse esses Ãndices, tendo em vista outros estudos. Porém, em relação ao Sudeste, ainda precisamos analisar os dados com mais cuidado para tentar justificar esse resultado e desenvolver ações para reverter esses Ãndices;, observa Ana Beatriz Vasconcellos, coordenadora de PolÃtica Nacional de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Fast-food
Os novos hábitos alimentares do brasileiro, que incorporam as refeições fast-food e lanches desregrados, podem favorecer o surgimento dos problemas. ;Não tenho dúvida que isso influencia nesse déficit;, diz Pedro Israel de Lira, médico da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
No caso da anemia, a incidência é maior em crianças com menos de 2 anos e de áreas urbanas e em mulheres negras. Já a hipovitaminose A atinge mais crianças e mulheres de áreas urbanas. Para combater os problemas, o Ministério da Saúde criou, em 2005, o Programa Nacional de Suplementação de Ferro, iniciativa que distribui suplementos a crianças de 6 a 18 meses, grávidas a partir da 20ª semana de gestação e mães com bebês de até 3 meses. O ministério pretende criar ainda este ano uma comissão para monitorar e avaliar a fortificação das farinhas.
» Ãudio: entrevista com Ana Beatriz Vasconcellos