postado em 29/04/2009 09:59
Um policial federal, possivelmente vítima de um surto psicótico, construiu um cenário de terror na madrugada de terça-feira (28/4), no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Por volta das quatro horas, Cláudio Vinícius Nogueira de Oliveira, de 28 anos, foi até a varanda do seu apartamento, que fica no 9º andar do Studio Portal dos Mares, na Rua dos Navegantes, e começou a disparar em direção aos carros e outros prédios próximos. Não satisfeito, o agente desceu, saiu do edifício e continuou atirando. Chegou, inclusive, a ameaçar os taxistas que trabalham num ponto da via. Apesar dos disparos terem atingido alguns veículos e prédios, ninguém saiu ferido.
"Eu acordei assustada com o barulho. Cheguei a me deitar no chão. Pensei que era um assalto no prédio e que estava tendo troca de tiros entre os assaltantes e a polícia", afirmou a comerciante Lenira Nascimento, que mora no edifício em frente ao Portal dos Mares. No mesmo prédio, o baterista da banda Nação Zumbi, Romário Menezes,conhecido por Pupillo, viu o policial atirando. "Escutei o tiro e fui olhar na janela. Não entendi o que estava acontecendo, mas vi um cara completamente transtornado com uma pistola na mão', disse.
A polícia estima que Claúdio chegou a disparar 15 projéteis, capacidade máxima da pistola encontrada com ele, uma Clock calibre nove milímetros. E um dos tiros por pouco não causou uma tragédia. A bala que transpassou a porta da garagem do Hotel Jangadeiro, cujos fundos dão para a Navegantes, esteve a apenas um metro de distância dos tanques de gás de cozinha do estabelecimento. "Imagine o estrago. São três tanques grandes que iriam explodir. O hotel cheio, residências próximas. Poderia haver muitas vítimas", afirmou o porteiro do Jangadeiro, Moacir de Barro.
Após os disparos, o agente voltou à varanda de seu apartamento, onde quebrou a janela e se autoflagelou com os pedaços dos vidros. "Era uma cena de filme de terror. Ele ficava esfregando os pedaços de vidro na perna e nos braços", disse o porteiro do edifício Maria Regina, cuja fachada foi atingida duas vezes, José Monteiro. Por volta das cinco horas da manhã, a rua foi interditada pela Polícia Militar, mas Claúdio só se entregou uma hora depois, após a chegada de familiares que subiram até o apartamento junto com policiais federais. Ele disse que teria visto pessoas dentro de casa e que por isso atirou.
Ao entrar no local, os policiais apreenderam a arma usada por Cláudio, que não pertencia à Polícia Federal, e o algemaram. O agente chegou a ser levado ao prédio sede da PF, mas, devido a sua agitação, foi encaminhado ao Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, na Tamarineira, onde irá permanecer sob custódia até ser reavaliado. A Polícia Civil vai investigar o caso, uma vez que o agente não estava em serviço. A arma e o distintivo foram entregues ao IC na tarde de ontem.