postado em 06/05/2009 19:40
O grupo de cerca de 50 índios que invadiu a sede da coordenaria regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) na capital paulista ainda mantinha a ocupação até o início da noite de hoje. Pelo segundo dia consecutivo, os indígenas reafirmavam sua disposição de só deixar o edifício após a demissão do coordenador do órgão em São Paulo, o advogado Raze Rezek. O anúncio feito em Brasília pelo presidente da fundação, Danilo Forte, de que o coordenador não seria demitido sob pressão, seguida da ameaça de encaminhar à Justiça um pedido de reintegração de posse da sede, levou os indígenas a se reunirem para reavaliar a situação. Porém, eles ainda não chegaram a uma conclusão.
De acordo com um dos porta-vozes indígenas, o cacique Antonio Silva Awá, da Aldeia Renascer, em Ubatuba, localizada no litoral do Estado, eles estão dispostos ao diálogo. Para os índios, a permanência de Rezek à frente da coordenadoria é insustentável. Eles afirmam que desde sua posse, em agosto de 2007, o atendimento às populações indígenas só piorou. "Não há ambulâncias para transportar os doentes. Em muitos lugares o esgoto corre a céu aberto e não há fornecimento de água tratada. As crianças estão ficando doentes", disse outro porta-voz do grupo, o cacique Guaraci Uwewidjú, também da região litorânea.
Os índios que ocupam a Funasa representam 37 aldeias espalhadas por São Paulo, a maior parte delas na área do litoral. Eles chegaram ao edifício no início da tarde de ontem, determinaram o encerramento do expediente e mantiveram um grupo de funcionários todos eles chefes de seção, como reféns. À noite, após um encontro com Rezek, eles libertaram os funcionários. Hoje pela manhã, os índios voltaram a se reunir com o coordenador e conversaram, por telefone, com o presidente da Funasa. Segundo o cacique Darã Awá, foi uma conversa tensa e que não teve fim. "Ele desligou o telefone no meio da conversa", contou.
O expediente transcorreu normalmente na sede da Funasa durante o dia. Nenhum funcionário foi detido. O coordenador ficou no edifício até por volta das 14 horas, quando saiu dizendo que ia almoçar e não retornou mais. Em novembro do ano passado, diante das pressões indígenas para que solucionasse os problemas nas aldeias, Rezek encaminhou seu pedido de exoneração à presidência da Funasa. Mas o presidente não aceitou. Agora, mais uma vez sob pressão, Rezek voltou a encaminhar o pedido e de novo foi mantido no cargo.