postado em 08/05/2009 09:58
As chuvas que atingem principalmente o Norte e o Nordeste do país continuam causando estragos de proporções assustadoras. Balanço da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) divulgado ontem diz que 796.878 pessoas foram afetadas de alguma forma pelas tempestades em 10 estados. A quantidade de municípios afetados é de 287. Cresceu também o número de mortos, que chega a 38. O Ceará é o estado com mais vítimas (12). Em seguida, vêm Maranhão (nove), Bahia (sete), Amazonas (cinco), Alagoas (quatro) e Santa Catarina (uma). O órgão do Ministério da Integração Nacional, no entanto, informa que o número deve ser maior, pois podem haver ocorrências em cidades do interior ainda não registradas.
Em Salvador, o Corpo de Bombeiros informou ontem ter localizado, pela manhã, o corpo de Milton Ramos dos Santos, 39 anos. Ele estava desaparecido desde a terça-feira, dia em que a chuva foi mais intensa na capital baiana. Nesse dia, ele tentou atravessar o córrego que passa pelo Parque São Cristóvão e foi surpreendido pela força da correnteza. Os bombeiros ainda buscam a menina Beatriz, 6 anos, arrastada pela correnteza também na terça, com a mãe, Fernanda Bispo dos Santos, 27 anos.
A Sedec informou que estão sendo enviados para as cidades alimentos, material de limpeza e kits de abrigo. Foram disponibilizadas 92.150 cestas contendo arroz, feijão, açúcar, óleo, leite em pó, farinha de mandioca e macarrão.
Entulhos e riscos à saúde
Mesmo quando os temporais dão trégua, os problemas continuam. No Piauí, onde o sol voltou a aparecer, o governo estadual e as prefeituras começaram ontem o trabalho de recuperação dos danos provocados por uma das maiores enchentes da história local. As autoridades estão preocupadas com os riscos à saúde da população. São esperados casos de doenças pós-enchentes, como verminoses, complicações respiratórias, dermatites e, nos casos mais graves, hepatites e leptospirose.
O prejuízo é enorme. Em todo o estado, 59 mil pessoas tiveram de deixar suas casas. Na capital, à medida que as águas do Rio Poti baixam, surgem ruas e casas destruídas e tomadas pela lama, que em alguns locais chega a 40cm de espessura. Em muitos lugares, o asfalto terá de ser recapeado. Teresina sofre também com a falta de combustível.
Desabamento
Em Salvador, depois de seis dias de chuvas, a principal preocupação é retirar moradores dos cerca de 160 imóveis ameaçados de desabamento. Mesmo com o risco, muitos se recusam a deixar suas casas . ;E vou aonde? E quem vai cuidar das minhas coisas?;, perguntava ontem o motorista Aílton Carlos Cruz, 32 anos, que mora com a mulher, Maria Alcina, e três filhos pequenos em uma casa simples na encosta na margem da Avenida Ogunjá.
Em São Luís, as águas também começam a baixar. Os desabrigados, cerca de 800, voltam às suas casas condenadas pela Defesa Civil e tentam salvar o que podem, A maioria das residências atingidas pelas enchentes foi construída em local inadequado para a moradia, em áreas de invasão. No bairro de Salinas do Sacavém, por exemplo, em que o acesso é difícil até mesmo em épocas normais, morreram duas pessoas soterradas pelo concreto de uma escada que levava ao alto de um morro. As chuvas fortes arrancaram a escada e a lançaram sobre a casa em que estavam as vítimas, um casal.
O Ministério da Saúde anunciou que até o fim desta semana chegará ao Maranhão um carregamento de 265 mil unidades de 15 tipos de medicamentos, entre eles penicilina, paracetamol, diclofenaco de potássio, seringas descartáveis e ataduras.