Jornal Correio Braziliense

Brasil

Passageiros relatam momentos de terror em acidente

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;Foi um milagre de Deus não sair ferido. Minha primeira preocupação na hora da batida foi encontrar minha mulher no meio de todas aquelas pessoas;, disse o operador de correias Sérgio Murilo de Carvalho, de 46, um dos passageiros do ônibus que caiu em uma ribanceira na tarde dessa segunda-feira (11/5), na MG-129, em Ouro Preto. Ele estava sentado em um banco nos fundos do veículo e acredita que o motorista viajava a mais de 80km/h. Sérgio viajava com colegas da mineradora Samarco, que mantém uma unidade a poucos quilômetros do local do acidente. Além de funcionários das duas empresas, o ônibus levava empregadas domésticas, ajudantes da construção civil, serralheiros, um professor, uma pastora evangélica e estudantes. Segundo a Polícia Militar Rodoviária Estadual (PMRE), entre os feridos havia três crianças, de 1, 8 e 11 anos, além de um adolecente de 15, que foram socorridos em Mariana. O motorista José Rodrigo de Queiroz teve apenas escoriações e uma fratura no ombro direito, mas continuava internado na noite dessa segunda. Ele contou à polícia que não conseguiu frear para evitar a queda do veículo e suspeita que havia óleo na pista molhada. Passageiros internados disseram aos militares que ele dirigia em alta velocidade. ;Meu pai é motorista há mais de 10 anos, nunca ocorreu qualquer acidente com ele. Ele me disse que fez o que podia para evitar essa tragédia;, afirmou a filha de José Rodrigo, Raíssa Queiroz, de 15. A cobradora do ônibus, Patrícia Cintiane Inácio, de 21, teve dores na região lombar e um corte na boca. Segundo a empresa Vale do Ouro, o ônibus acidentado foi comprado em 2003 e sempre passou por inspeções do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG). ;A estrada é muito perigosa, principalmente quando chove. Passou da hora de colocarem proteção no trecho;, afirmou o administrador de manutenção dos ônibus da empresa, Robert Antônio de Oliveira, de 39, que ajudou a socorrer as vítimas. Seis ônibus atendem a linha que une Antônio Pereira a Mariana, em horários de 40 em 40 minutos. Responsável pelo patrulhamento da região, o subtenente João Pinto, do 4º pelotão da PMRE, de Itabirito, disse que o trecho da MG-129 onde ocorreu a colisão é sinuoso, mas nem por isso considera o mais perigoso. ;Temos, em média, entre cinco e seis batidas por mês. É um volume menor que o registrado em outras rodovias da região;, afirmou. Durante a tarde e toda a noite de ontem, centenas de moradores de Mariana lotaram a entrada do Hospital Monsenhor Horta em busca de informações sobre os feridos. Segundo a unidade de saúde, ninguém corria risco de morrer. Sonho desfeito Entre os mortos, está o pedreiro Claudinei de Lourdes, de 28 anos, que foi socorrido por uma ambulância do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos. Ele havia se casado no sábado (9/5) e voltava para Mariana horas antes da mulher, que ficara em Antônio Pereira para recolher a comida que sobrou da cerimônia. ;Quando liguei para ele, me contaram que tinha havido um acidente. Corri até o local e ainda vi meu marido vivo. A gente ia ser tão feliz juntos;, disse, aos prantos, a mulher de Claudinei, a dona de casa Odina Higina de Almeida, de 26. O casal estava junto há oito anos e tinha um filho de 6.