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Defesa declara Mohammed semi-imputável; acusação diz que crime foi premeditado

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O advogado de defesa de Mohammed D'Ali Carvalho dos Santos, 21 anos, acusado de matar e esquartejar a inglesa Cara Marie Burke, 17, em julho de 2008, pediu no Tribunal do Júri de Goiânia que o réu seja tratado como doente mental. George Hidasi chamou de 'bárbaro, horroroso, horrível a deprimente' o modo como se deu o assassinato de Cara e disse que jamais pediria a absolvição do réu, mas fez um apelo para que este seja julgado 'sem preconceito' e tenha uma 'pena branda'. ;Mohammed é doente mental, psicopata e tem transtorno de personalidade social e isso tem de ser levado em conta", declarou. Um médico convocado pela defesa, bem como um especialista oficial avaliaram Mohammed, que foi declarado portador de transtorno de personalidade psicossocial - ele é capaz de distinguir entre certo e errado, mas não consegue ter controle sobre seus atos, segundo os laudos técnicos. Com base nisso, Hidasi defendeu um tratamento de semi-imputável para o réu. Enquanto o advogado o defendia, o réu chegou a rir. "Ele pode sorrir de mim. Deve estar pensando porque eu o estou defendendo, mas ele não tem percepção do que faz", disse George Hidasi nesse momento. Premeditação A acusação firmou-se na tese de que houve premeditação do assassinato de Cara e de que Mohammed D'Ali é, sim, imputável. O promotor do Tribunal do Júri, Milton Marcolino sustentou que Mohammed comprou a passagem de Cara para o Brasil com intenção de que ela se casasse com ele, para que ele pudesse obter a cidadania inglesa. O rapaz tinha dificuldades para se fixar em Londres, onde sua mãe mora, porque tem aparência e nome de origem árabe, declarou Marcolino. "Mohammed não é antissocial nem psicopata. Quando a pessoa é perturbada mentalmente, existe um vínculo entre seu ato de perturbação e o crime, o que não ocorreu. Uma coisa é uma pessoa ser doente mental, outra é ser fria, má e ruim", disse o promotor, que apoiou-se no fato de o acusado ter enviado fotos do corpo da adolescente assassinada de seu celular para várias pessoas como um dos indícios de crueldade Os advogados do caso tiveram o primeiro debate, e tempo para réplica e tréplica. A defesa conclui sua tréplica agora. Após esta etapa, os jurados devem se reunir para deliberar e responder a questões sobre a culpa do réu.