postado em 15/05/2009 00:04
;Quando ela pegou o telefone, eu aumentei o volume do som, tapei a boca dela e comecei a furar as costas. Isso foi na sala. A faca já estava comigo para cortar a pedra de cocaína. No dia em que aconteceu tudo, eu já tinha usado cocaína durante quatro dias.;
Foi assim que Mohammed D;Ali Carvalho dos Santos, 21 anos, descreveu, aos membros do júri e ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara, o assassinato da inglesa Cara Marie Burke, 17 anos, durante seu julgamento, ontem, em Goiânia. O réu admitiu que matou, esquartejou e tentou se livrar do corpo da vítima em julho do ano passado e acabou condenado a 21 anos de reclusão ; 19 anos pelo homicídio e dois pela ocultação do cadáver. Depois da leitura da sentença, às 23h15, ele voltou para a cadeia.
Os membros do júri não concordaram com a tese da defesa, que pediu abrandamento da punição, alegando que o réu seria semi-imputável por sofrer de problemas mentais. Os sete jurados concordaram que o homicídio teve agravantes (motivo fútil e sem dar chances de defesa à vítima).
Para espanto das cerca de 400 pessoas que acompanhavam a sessão no Tribunal de Justiça, Mohammed riu em vários momentos. Ele negou que namorasse Cara e disse que ela costumava usar drogas. A defesa chamou para serem ouvidos o irmão do assassino, Bruce Lee dos Santos; uma tia, Jane Lúcia Souza Oliveira; e a namorada ; que tem com Mohammed um filho de 2 meses, concebido na prisão ;, Helen de Matos Victória, 19 anos. Os depoimentos dos três pareciam buscar confirmar a tese da defesa.
O irmão, por exemplo, disse que o réu sempre foi instável emocionalmente e que chegou a tentar matá-lo. ;Meu irmão não sabe controlar o sentimento de raiva.; Os familiares disseram ainda que a morte do pai teria deixado Mohammed perturbado. A tia afirmou que o pai do condenado foi morto e esquartejado quando ele ainda era criança. ;Ele não é normal;, garantiu. Já a namorada disse que o acusado está arrependido e que só cometeu o crime porque estava sob o efeito de drogas. Ela disse ainda que não tem medo de ser morta pelo companheiro e o descreveu como ;uma pessoa amorosa e cativante;.
Também testemunharam o tenente-coronel Cláudio de Oliveira Silva, da Ronda Tática Ostensiva Metropolitana (Rotam), e o porteiro do prédio onde o crime ocorreu, Domingos Leal da Silva. O policial afirmou que Mohammed tentou suborná-lo para ser solto. Silva, por sua vez, disse nunca ter presenciado brigas no apartamento.
Debate
Por volta das 17h15, foi iniciado o debate entre o promotor Milton Marcolino e a defesa. Primeiro a falar, Marcolino disse não acreditar que Mohammed tenha problemas mentais e que o crime foi premeditado. Segundo ele, o réu custeou a vinda de Cara ao Brasil e queria se casar com ela para ter o direito de morar na Inglaterra. Ele lembrou ainda que o assassino tirou fotos de partes do corpo de Cara e as enviou pelo celular. ;Isso mostra que ele é uma pessoa má e não uma pessoa com problema mental;, argumentou. George Hidasi, um dos advogados de defesa, disse que o crime foi ;monstruoso;, mas insistiu em uma pena branda.