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Bimotor que caiu na Bahia aparentava falhas mecânicas, afirmam testemunhas

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postado em 25/05/2009 08:58
A caixa-preta do bimotor King Air 350, que caiu na última sexta-feira, matando 14 pessoas em Trancoso (BA), foi enviada ontem para o Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos do Recife. Como a leitura dos dados requer um equipamento específico, a Aeronáutica afirmou que as informações poderão ser decifradas no exterior. De acordo com o órgão, não há como prever quantos dias serã o necessários para concluir as investigações, que podem demorar até um ano. No sábado, quatro funcionários da pista de pouso do condomínio de luxo Terravista foram ouvidas pela polícia, além do filho do piloto Jorge Lang Filho e uma outra pessoa, não identificada, que seria mulher de uma das vítimas. Dez vítimas pertenciam à família do empresário Roger Ian Wright, 56 anos, além do piloto, do copiloto, de uma babá e da neta de 3 anos de sua mulher, Lucila Lins. O empresário planejava festejar o aniversário de um dos netos. Ontem, os corpos das quatro crianças que estavam no voo foram reconhecidos no Instituto Médico Legal de Salvador. São elas: Victoria Wright Faro, Gabriel Wright Faro, Nina Pinheiro e Francisco Alqueres Wright. Em depoimento a oficiais do 2º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes (Seripa-2), testemunhas disseram que o avião pilotado por Jorge Lang Filho, 56 anos, parecia estar fora do lugar quando se aproximou da pista. O avião parecia ter problemas mecânicos. ;Parecia estar com problema no motor, com a velocidade mais baixa que o normal;, disse o gerente do resort Terravista, James de Souza, que presenciou o acidente. ;Entrou de asa, de lado, cambaleou no momento final e, no que encostou no chão, explodiu. Foi um barulho horrível, uma coisa medonha. ; Para o fiscal de pista do aeroporto, Pedro Peixoto, 37 anos, o avião se aproximou completamente torto. ;Quando deveria ter seguido reto, parece que balançou para o lado direito, balançou de novo para o lado esquerdo e caiu;, disse. Segundo o coronel João Carlos Dias Biesniek, chefe do Seripa-2, o conteúdo dos depoimentos será analisado em conjunto com os outros dados periciais coletados no local. ;Um acidente aéreo normalmente ocorre por uma soma de fatores. Somente teremos certeza quando tivermos todos os resultados da perícia à mão para elaborar o relatório final, que pode levar até um ano para ficar pronto.; A Aeronáutica já descartou que a forte chuva em Trancoso na noite do acidente tenha provocado a queda. Na avaliação, havia ;perfeitas condições para pousos e boa visibilidade na pista;. Às 20h51, quatro minutos antes de o avião cair, o piloto informou que ;tinha alinhamento com a pista, que o trem de pouso já estava travado e havia boa visibilidade;. Uma segunda hipótese, de que a iluminação da pista seria ineficiente, também foi descartada. Regular De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava regular, tanto na manutenção quanto no seguro. A Inspeção Anual de Manutenção (IAM) do bimotor teria vencido no último dia 14, mas, segundo a agência, ela havia sido feita em uma oficina autorizada e a documentação teria sido encaminhada ao órgão, aguardando só atualização dos dados. A situação da tripulação também estava regularizada. No plano de voo informado à Anac, constavam 10 passageiros, lotação máxima do avião, que decolou com 14 pessoas. Apesar disso, especialistas em segurança de voo duvidam que o excesso de peso tenha provocado a queda. ;O peso é muito importante para o pouso, pois dele decorre a velocidade necessária para descer. Mas esse não deve ter sido o problema, já que a queima de combustível reduziu o peso total;, diz o coronel Franco Ferreira, especialista no assunto. Como estava pronto para aterrissar, o avião tinha 600kg a menos em relação ao peso da decolagem.

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