postado em 27/05/2009 08:32
A forte turbulência pela qual passou o avião da TAM que fazia o trecho Miami-São Paulo, na noite de segunda-feira, começou a ser investigada ontem pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão ligado à Aeronáutica. O objetivo é verificar as causas do incidente para evitar que ele se repita. Tudo ocorreu por volta das 19h, quando o Airbus A330-200, que transportava 154 pessoas, se preparava para pousar no Aeroporto de Guarulhos. Segundo a empresa, 17 passageiros e cinco comissários de bordo ficaram machucados. O número divulgado inicialmente foi de 21 feridos, mas, ontem de manhã, uma garota, que não teve o nome revelado, foi encaminhada para o Hospital de Ribeirão Preto, onde mora, com uma fratura.
De acordo com relatos de passageiros, o alerta para atar os cintos de segurança foi acionado imediatamente antes de a aeronave passar por duas descidas muito bruscas. Desprevenidas, muitas pessoas foram lançadas para o alto e chegaram a flutuar por cerca de 30 segundos. Algumas bateram a cabeça no bagageiro sobre as poltronas e outras caíram no corredor. ;No momento em que o piloto deu o aviso, o avião já deu uma caída muito feia. Quando ele caiu de uma vez, todo mundo bateu a cabeça em cima e só voltaram para o chão na hora em que ele parou de cair. A impressão é de que foi a vida inteira, mas deve ter durado alguns segundos;, contou o corretor de seguros Marcelo Garcia.
A TAM informou que 13 dos feridos foram liberados depois de serem atendidos pela equipe médica do aeroporto. Os casos mais graves foram encaminhados para hospitais. A aposentada Ana Maria Bernardes de Lima, 73 anos, é uma das duas vítimas que continuam internadas. Ela fraturou o fêmur e duas vértebras. Levada ao Hospital Oswaldo Cruz, na capital paulista, deve passar por uma cirurgia amanhã. A operação será delicada, pois Ana Maria é diabética e tem problemas cardíacos.
Demora
Houve reclamações sobre o atendimento prestado às vítimas. De acordo com Alline Garcia Cury ; filha do empresário Francisco Celestino Garcia, 59 anos, que fraturou o fêmur e teve uma fissura no ombro ; seu pai, que usa uma prótese na perna direita, ficou uma hora e meia aproximadamente deitado no chão da aeronave esperando para ser removido. ;Disseram para ele: ;Vamos tirar primeiro os mais graves;. Até então, eles não tinham ideia da gravidade dos ferimentos dele. O problema é que ele estava entre os bancos. Quando foram retirá-lo, perceberam que teriam de remover os assentos. Isso demorou bastante. O outro problema é que meu pai é muito alto e não tinha maca para o tamanho dele;, afirmou Alline.
Na versão da Infraero, responsável pela remoção de passageiros feridos, Garcia seria o primeiro a ser retirado da aeronave. Porém, segundo o órgão, ele se recusou a ser levado para um hospital público, como determina o protocolo de atendimento do aeroporto. ;É verdade. Pedimos para os bombeiros retirarem ele do avião, mas recusamos a ida para o Hospital Geral de Guarulhos, porque a burocracia para uma transferência de hospital é sempre muito grande e preferimos esperar e levá-lo diretamente para o Einstein (Hospital Albert Einstein);, disse a filha. Mesmo assim, ela lembrou que o pai só chegou ao hospital depois da meia-noite, sendo que o pouso ocorreu às 19h30. Francisco teve de colocar pinos metálicos na perna e deve ficar quatro meses sem andar.
Devido ao susto e aos ferimentos, alguns passageiros pensam em processar a TAM. ;Vou entrar com o processo para reparar os danos;, disse ontem a empresária Marilda Torres, 56 anos, que teve o rosto machucado na região do olho direito e do nariz. Ela não tem certeza do que ocorreu durante o incidente, mas acredita que uma mala tenha caído sobre sua cabeça. ;Parecia um elevador caindo. Achei que o avião ia cair e tinha chegado a minha hora;, revelou. A TAM informou que está dando total assistência às vítimas, mas não deu detalhes sobre o ocorrido.