Brasil

Índios pedem assento no Conselho de Administração do BNDES

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postado em 27/05/2009 17:42
Rio de Janeiro - Os indígenas da Amazônia querem participar das decisões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e reivindicaram nesta quarta-feira (27/5) um assento no Conselho de Administração do banco, com objetivo de opinar sobre a concessão de crédito para empreendimentos em terras indígenas e medidas de compensação aos impactos das obras. ;Queremos evitar danos lá na frente. Não só ao meio ambiente como à própria existência dos índios. Queremos agir antes da concessão do crédito para que as empresas contenham os impactos, se não for possível evitá-los;, afirmou o representante das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab), Cléber Karipuna, um dos organizadores do seminário O BNDES e os Povos Indígenas, que termina amanhã, na sede do banco. Durante o evento, o representante do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Julio Macuxi, lembrou que os índios são afetados por obras de infraestrutura, plantações de grãos e instalação de empresas financiadas pelo BNDES, ;que acaba por trás da invasão de terras, perda de recursos naturais, disseminação de doenças e da miséria;. Para os índios, é preciso um diálogo sobre os critérios de financiamento e monitoramento dos empreendimentos que têm dinheiro do BNDES, as formas de captação de recursos do Fundo Amazônia que conta com US$ 110 milhões (doados pela Noruega), e as linhas específicas para projetos de desenvolvimento voltado aos índios. ;O ideal é não termos empreendimentos em terras indígenas. Mas se temos um diálogo antes da construção da obra, caso ela tenha mesmo que ser construída, podemos criar critérios de compensação e mitigação dos impactos;, acrescentou Karipuna. ;Podemos exigir da empresa, por exemplo, programas sociais;, concluiu. Durante o evento, os índios também questionaram a ausência de representantes do BNDES e cobraram agilidade nas discussões. ;Aqui só tem terceiro ou quarto escalão;, disparou Julio Macuxi. ;Não estamos representados nesse modelo de desenvolvimento do banco. Desse jeito, para nós, só sobra o impacto das obras;, completou. O representante do órgão no evento o engenheiro Eduardo Canepa não polemizou com os participantes e rebateu que o banco tem se esforçado para ;dar início ao diálogo;. ;A máquina não entra em operação de uma hora para outra;, afirmou. Por meio da assessoria de imprensa, o BNDES informou que a composição do Conselho de Administração, formado por empresas, sindicalistas e representantes de governo, é decidida pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, além da Casa Civil da Presidência da República.

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