Brasil

Justiça Federal suspende retirada de índios Guarani Kaiowá de fazenda em MS

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postado em 28/05/2009 16:01
São Paulo - O Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região decidiu prorrogar por 90 dias o prazo para a retirada de aproximadamente 35 famílias indígenas que ocupam a Fazenda Santo Antônio da Nova Esperança, em Rio Brilhante (MS). A decisão, anunciada na última quarta-feira (27/5), atendeu pedido da Procuradoria Regional da República da 3ª Região para a suspensão da ação de reintegração de posse emitida pela Justiça Federal em Dourados (MS). O grupo de quase 150 índios da etnia Guarani Kaiowá ocupa a área desde fevereiro do ano passado para reivindicar a demarcação da área como Terra Indígena Laranjeira Ñanderu. Por determinação do TRF, a Fundação Nacional do Índio (Funai) deverá realizar os estudos necessários para avaliar a possível demarcação da área também no prazo de 90 dias. Segundo um dos líderes do grupo que ocupa a fazenda, Faride Mariano, os indígenas estavam apreensivos quanto à possibilidade de terem de deixar as terras. ;Tinha muita gente chorando;, relatou. O suicídio de um jovem de 12 anos, ocorrido na semana passada, é atribuído diretamente ao anúncio da possível retirada. Faride contou que o garoto, seu sobrinho, estava presente no momento em que a comunidade foi informada da decisão pela reintegração de posse por meio do telefonema de um procurador. De acordo com o relato do líder indígena, após a notícia, o menino declarou a intenção de tirar a própria vida e disse que preferia morrer a voltar para a "beira da estrada". Caso os indígenas fossem obrigados a deixar a fazenda, a alternativa seria acampar às margens da BR-163, rodovia que fica perto da área. O caso do garoto foi o segundo suicídio no grupo, desde o início da ocupação. O primeiro registro foi o de um homem, em maio do ano passado. Relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) aponta a ocorrência de 34 suicídios de indígenas no ano passado, todos de Guarani Kaiowá. Em entrevista no início deste mês, o líder Guarani Kaiowá Anastácio Peralta disse que o alto número de suicídios ;é bastante assustador; para a comunidade e atribui as mortes à perda de identidade dos indígenas diante dos conflitos fundiários e sociais que os guaranis enfrentam em Mato Grosso do Sul.

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