Brasil

Além de diploma, salário bom e planos de carreira

Especialistas dizem que plano de formação de professores lançado pelo governo não é suficiente para resolver problemas do ensino público

postado em 29/05/2009 08:23
Embora reconheçam a importância de um projeto para incrementar a qualificação dos professores, especialistas em educação alertam que somente um diploma não vai conseguir tirar o ensino público da crise em que se encontra. ;Sem a perspectiva de um plano de carreira e de um salário digno, os melhores alunos do ensino médio não vão querer exercer o magistério;, alerta Mozart Neves Ramos, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e atual presidente executivo do Movimento Todos pela Educação. Ele participou ontem do lançamento oficial do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Educação, Fernando Haddad. O plano prevê a criação de 330 mil vagas em universidades públicas para professores que não têm curso superior, licenciatura, ou dão aulas em disciplinas de cursos diferentes daqueles nos quais se formaram. ;A variável da qualificação é importante, mas não é a única. Se nem o piso salarial os estados e municípios querem pagar, a carreira vai continuar pouco atraente;, diz Roberto Leão, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Ontem, o presidente Lula assinou uma portaria determinando que a União complemente o salário de R$ 950 nos estados que não tiverem condições de arcar com o valor. ;Em 2008, mais de um terço dos professores ganhavam menos de R$ 950. Hoje, 37% da categoria já recebe esse valor. Apesar de insuficiente, é um avanço;, diz Haddad. No ano que vem, todos os estados e municípios deverão adotar o piso. Além dos baixos salários, Mozart Neves Ramos destaca a falta de preparo das universidades na formação dos professores. ;Se não mudar a cabeça dos professores que dão aula nas licenciaturas, esse plano não vai funcionar;, alerta. Segundo ele, os alunos chegam aos cursos muito despreparados e não encontram suporte nos bancos das faculdades para melhorar seu desempenho. Mozart dá aulas de química e física na Federal de Pernambuco e conta que foi preciso implementar uma disciplina com noções básicas, de assuntos sobre os quais os egressos do ensino médio já deveriam dominar. ;Mas meus colegas doutores não querem dar essa disciplina;, critica. Para o especialista, as licenciaturas precisam ser mais valorizadas dentro do ambiente acadêmico. Além do plano de formação de professores, o presidente Lula assinou uma portaria estabelecendo que o Tesouro vai pagar os plantões dos médicos nos hospitais universitários federais. Essa é uma das principais demandas dos reitores. Atualmente, há um déficit de 30 mil profissionais nessas unidades de saúde. Ouça entrevista com o presidente da CNTE, Roberto Leão:

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