postado em 29/05/2009 08:43
A reaelidade é distinta entre duas comunidades vizinhas na zona norte do Rio. Enquanto o Complexo do Alemão ganha nesta sexta-feira (29/5) grandes obras do Programa de Acelração do Crescimento (PAC), inauguradas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os cerca de 120 mil moradores das dez favelas do Complexo da Penha não têm motivos para comemorar. Apesar de integrar praticamente a mesma região geográfica, nenhuma obra está prevista para o local.
;Em um primeiro momento, as pessoas se sentem enciumadas. Depois, inferiorizadas. A nossa auto-estima fica muito baixa. Nós passamos a ser os primos pobres. Somos cobrados porque as comunidades do Complexo do Alemão têm investimento e a gente não;, desabafou o presidente da Associação dos Moradores da Vila Cruzeiro, Antônio Tiburcio.
Ele coordena um centro estadual que oferece atividades esportivas e recreativas a cerca de 4.800 crianças da comunidade, marcada nos últimos anos pela extrema violência entre polícia e traficantes de drogas, que deixou mais de 300 mortos, segundo ele, desde 2007.
;Se tivéssemos mais recursos, o nosso centro poderia ser instalado em outras comunidades. Porque isso aqui é uma maneira de deixar de perder os jovens. As crianças que não têm ocupação estão vulneráveis a serem adotadas pelas coisas ruins;, disse Antônio.
Segundo ele, a região é carente de praticamente tudo: ;A gente precisa de saneamento básico, escolas técnicas, uma faculdade, um centro-dia para os idosos, um centro médico, um anel rodoviário para os ônibus, legalizar o transporte alternativo;.
Para o líder comunitário, só a chegada de infra-estrutura e serviços públicos na mesma proporção do que está sendo feito no vizinho Complexo do Alemão pode combater a violência.
;No momento em que houver intervenção maciça do governo, a gente para de investir em cadeias, para de investir em delegacias. Porque a gente vai estar dando dignidade ao cidadão. E nós temos muita fé de que o PAC vai chegar aqui também;, afirmou o o presidente da associação, que sonha em ver um dia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva percorrendo as ruas do Complexo da Penha.
;Nenhum traficante gostaria de ser traficante e nem gostaria que seus familiares estivessem envolvidos com o tráfico. O crime não representa nem 1% dessa população;, frisou Antônio, orgulhoso ao mostrar o campo de futebol onde crianças batem bola e lembrar que dali saiu o jogador Adriano, da Seleção Brasileira e hoje do Flamengo: ;O nosso desafio é mostrar para a criança que existe um mundo melhor;.