Brasil

Governador do Piauí chega à área atingida

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postado em 31/05/2009 20:12
COCAL DA ESTAÇÃO (PI)- Cinco dias após o rompimento da barragem que matou oito pessoas em Cocal, no norte do Piauí, o governador Wellington Dias (PT) chegou à cidade. Acompanhado de deputados, senadores e da diretora da Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi), Lucile de Souza Moura, Dias afirmou que "o aquecimento global e as mudanças climáticas" são os responsáveis pelo desastre. "Não pode ser normal chover 149 milímetros em algumas horas quando a média anual nessa região é de 700 milímetros", disse. Dias refuta a omissão das autoridades estaduais. Para ele, a orientação para que a população ribeirinha retornasse para suas casas antes do rompimento de Algodões 1 não foi um equívoco. "Se tivesse hoje as mesmas informações que tinha há duas semanas, faria novamente", afirmou. No sábado, o engenheiro responsável pelas obras, Luiz Hernani Carvalho, divulgou uma nota em que nega qualquer responsabilidade ou participação na decisão do governo de recomendar a volta das famílias. Dias evitou comentar o caso e classificou a nota como uma posição pessoal do engenheiro. Segundo a diretora da Emgerpi, o caso foi uma fatalidade que não poderia ser prevista. Lucile afirmou que as fortes chuvas que atingiram o Ceará e a falta de um "plano macrohidrológico" foram os problemas principais. A culpa, diz, deve ser compartilhada com o Ceará, pois a abertura das comportas de barragens no Estado vizinho piorou a situação. "Uma coisa é certa: a barragem recebeu o dobro da capacidade de água", disse. PROBLEMA ANTIGO No entanto, Lucile revela que nos últimos três anos, R$ 1,5 milhão foram gastos com reparos no açude. "A barragem tinha um problema realmente, seis fissuras em sua parede que todos os anos eram preenchidas com concreto", disse. Na terça-feira, o governador segue para Brasília, onde se encontra com o ministro das Cidades, Gedel Vieira Lima. Dias deve apresentar um projeto emergencial para a reconstrução de 700 casas. A estimativa é que sejam necessários R$ 16 milhões. "Ainda vamos discutir uma forma de ressarcir as famílias", afirmou Dias. O plano, no entanto, está longe de agradar à população. O agricultor Bernardo Fontineli de Carvalho é um deles. Ele diz não concordar que todas as pessoas tenham apenas suas casas reconstruídas e no mesmo valor, cerca de R$ 24 mil. "Para quem está desabrigado, à primeira vista é bom", diz. "Mas e no meu caso, que investi R$ 80 mil em uma casa que ficou pronta há um mês?"

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