Brasil

Um mês de buscas

Área de 9,7 mil km2passará por varredura. Investigação será liderada pela França

postado em 03/06/2009 08:36
Os cinco navios da Marinha enviados à região do Oceano Atlântico onde foram vistos destroços do Airbus A330-200 que desapareceu na noite de domingo devem ficar trabalhando na área por cerca de um mês. O prazo foi calculado pelo comando da Força como o mínimo necessário para que seja feita uma varredura na área de 9,7 mil km² em busca de pedaços da fuselagem e da estrutura do avião que possam ajudar a apontar as causas do acidente com a aeronave que voava do Rio de Janeiro a Paris. O navio patrulha Grajaú, que saiu ontem com 31 tripulantes de Maceió, só vai chegar ao local onde supostamente teria caído o avião da Air France no início da noite de hoje, segundo a Marinha. O navio-tanque Gastão Mota, com capacidade de transportar 4 milhões de toneladas de combustível, saiu ontem do Rio de Janeiro para a área do acidente. A ideia é garantir, com o suprimento, o deslocamento de todas as embarcações durante as buscas por um longo período. A corveta Caboclo, também deslocada de Maceió, chega amanhã ao meio-dia ao local onde provavelmente o jato francês caiu. As fragatas Constituição e Bosisio, deslocadas de Salvador e do Rio de Janeiro, chegam depois de amanhã ao local do acidente para se integrar ao grupo de buscas. Três navios mercantes, dois holandeses e um francês, se dispuseram a participar da tentativa de localização dos destroços porque estavam passando pela área. O objetivo é que a colaboração dos navios cargueiros possa facilitar o resgate das peças que ainda estão boiando. ;Há uma grande dificuldade de localização exata dos destroços já avistados por causa das correntes marinhas;, informou o contra-almirante Domingos Sávio de Almeida Nogueira, chefe do serviço de comunicação social da Marinha. Os primeiros destroços do Airbus foram localizados por volta de 1h da madrugada de ontem pelo avião R-99 da Embraer. A aeronave utilizou um radar de abertura sintética para detectar pedaços metálicos que ainda boiavam no mar a aproximadamente 820 km a nordeste da ilha de Fernando de Noronha. Nas primeiras horas da manhã, um avião Hércules C130 da Força Aérea Brasileira(FAB) sobrevoou o local e pouco antes das 7h identificou materiais do avião em dois pontos distantes 59 km entre si. Entre os objetos estavam uma poltrona de avião, pequenos pedaços brancos supostamente de partes da fuselagem, uma boia salva-vidas laranja, um tambor e vestígios de óleo e querosene. Uma nota do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica divulgada no início da noite de ontem informou que, logo depois do meio-dia, a 720km de Noronha, militares que patrulhavam a área com o avião Hércules avistaram peças brancas e fiação que supostamente são do jato da Air France. Também foram identificadas no mar manchas de óleo dispersas ao longo de um trecho de 6km ; à tarde, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, falara em 5km. O resgate de todo o material encontrado no mar será feito por homens da Marinha treinados para esse tipo de serviço e com equipamentos adequados, como guinchos e plataformas que descem à água, além de mergulhadores. Cerca de 100 militares da FAB e outros 500 da Marinha participam do trabalho de resgate. Especialistas em acidentes aéreos ouvidos pelo Correio não acreditam que a caixa-preta do jato da Air France seja localizada. O local no mar onde supostamente o avião caiu tem entre 5 e 11 km de profundidade e, neste caso, o sinal que a caixa emite para ser localizada depois dos acidentes dificilmente seria detectado por radares dos navios patrulha. Além disso, o dispositivo, que armazena as últimas medidas tomadas pelos comandantes do voo e as comunicações entre pilotos e as torres de controle, não suportaria a pressão marítima em altas profundidades. A peça do avião tem bateria para funcionar durante cinco dias. Investigação A Aeronáutica informou oficialmente ontem que o governo francês ficará responsável pela investigação das causas do acidente com o voo AF-447. A definição da coordenação do trabalho de apuração da tragédia está prevista na Convenção de Aviação Civil Internacional (Convenção de Chicago). O Bureau d;Enquêtes et d;Analises (BEA) terá o apoio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Aeronáutica brasileira. Dois especialistas franceses já estão no Rio de Janeiro e devem coletar informações sobre o acidente nas instâncias da FAB de Recife.

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