postado em 04/06/2009 08:17
O governo brasileiro transferiu formalmente à França a atribuição de encontrar as caixas-pretas do AF 330-200 da Air France que caiu no Oceano Atlântico na noite do último domingo. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, os acordos internacionais determinam que o país onde o avião é registrado se encarrega das investigações das causas do acidente. Para tentar encontrar as caixas-pretas, o governo francês já enviou ao local do acidente o minissubmarino Nautile, que tem capacidade de chegar até a 6 mil metros de profundidade e foi o mesmo que localizou a carcaça do navio Titanic desaparecida desde 1912, quando naufragou no mar do Norte.
Equipado com braços motores e pinças, o pequeno Nautile tem sonares especiais que podem localizar pequenas peças em águas profundas. Os especialistas da Aeronáutica brasileira acreditam que as caixas-pretas do jato da Air France podem estar cerca de 4 mil metros abaixo do nível da água, profundidade média estimada para a região conhecida como Cordilheira Meso Atlântica. A operação do Nautile é feita por dois pilotos e um observador. O minissubmarino pertence ao Instituto Francês de Pesquisas para a Exploração do Mar (Ifremer, na sigla em francês) e está sendo levado ao local onde foram localizados destroços do jato pelo navio francês Pourquoi Pas.
Pourquoi Pas
O Nautile também colaborou nas buscas pelo petroleiro Prestige, o mesmo que afundou e causou um desastre ecológico na Europa em 2002. Desde o início de suas operações, em 1984, o minissubmarino já realizou mais de 1,5 mil trabalhos. O navio Pourquoi Pas foi deslocado de uma missão nos Açores e deve chegar à área do acidente em oito dias. Além do submarino, a embarcação é equipada com um robô também utilizado nas buscas. Outro instrumento que o governo francês utilizará nas buscas é o sistema de acústica submarina desenvolvido pela empresa ACSA, que permite localizar com precisão caixas-pretas de aeronaves perdidas no mar.
O diretor do Escritório Nacional de Investigação e Análise (BEA, na sigla em francês) Paul-Louis Arslanian disse, no entanto, que será difícil encontrar as caixas-pretas e que, mesmo se achadas, talvez elas não ajudem a determinar o que aconteceu. ;Não sou muito otimista;, disse Arslanian, acrescentando que a profundidade do mar na região e o acidentado relevo marinho vão dificultar a localização dos dispositivos. Arslanian disse que, durante 40 dias, as caixas-pretas emitem sinais detectáveis a uma distância de até um quilômetro, o que pode ajudar a sua localização.