postado em 04/06/2009 08:19
Familiares de passageiros do voo AF-447 da Air France, que desapareceu no Oceano Atlântico na noite de domingo com 228 pessoas a bordo, acusam as autoridades de estarem mais preocupadas em localizar destroços do que eventuais sobreviventes ou os corpos dos mortos. Muitos ainda têm esperança em reencontrar os parentes vivos. Querem ir ao arquipélago de Fernando de Noronha (PE), onde estão baseadas as equipes de resgate. As manifestações públicas tiveram início na manhã de ontem, após cerca de 30 familiares hospedados no Hotel Windsor, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, serem informados da descoberta de quatro novos pontos com destroços que podem ser o A330-200 que fazia a rota Rio-Paris.
Pai de um dos passageiros do AF-447, Nelson Farias Marinho, 66 anos, foi um dos inconformados a procurar os jornalistas amontoados em frente ao hotel. Ele queria mostrar uma fotografia do filho desaparecido (Nelson Marinho, 40) e reclamar das declarações oficiais. ;Eu tenho toda a esperança do mundo de encontrarem sobreviventes, como todos os outros familiares. Mas só se fala em caixa-preta, destroços, não pode ser assim;, desabafou. O filho dele trabalhava para uma empresa italiana como técnico de manutenção de plataformas petrolíferas instaladas em mares. De Paris, iria para Angola, a serviço. ;Ele fez curso de treinamento em sobrevivência no mar. Se teve uma chancezinha de sobreviver, vai se salvar e salvar outros;, completou.
Os familiares pedirão à Força Aérea Brasileira (FAB) que os levem a Pernambuco o mais rápido possível, para acompanhar de perto as buscas. Morador do Rio de Janeiro, Nelson Farias é um dos que gostaria de estar em Fernando de Noronha. ;Me sentiria mais tranquilo;, ponderou. O empresário carioca Maarten Van Sluys, 47, também se diz esperançoso quanto à possibilidade de encontrarem viva a irmã, Adriana Van Sluys, 40, assessora da Petrobras. Viajava a trabalho. ;Enquanto alguém não disser que isso é humanamente impossível, acredito que possa haver sobreviventes, mas não sei se é o meu desejo prevalecendo sobre a razão;, disse Maarten.
Mentira
Os parentes dos passageiros do AF-447 vibraram com uma informação falsa sobre sobreviventes, no começo da manhã de ontem. Apesar do rígido esquema de segurança, que impede o acesso de jornalistas aos andares onde estão os familiares, um desconhecido conseguiu entrar no salão onde os parentes se concentram para comer, conversar e acompanhar o noticiário. Segundo o advogado Marco Túlio Moreno Marques, 45 anos, um homem aos berros, disse que uma fragata teria recolhido vários sobreviventes, perto de onde os destroços foram avistados. Muitos comemoraram. Alguns familiares se abraçaram. Mas, logo em seguida, oficiais das Forças Armadas desmentiram a informação. O autor da informação falsa não foi identificado.