Brasil

Parentes ainda acreditam que serão encontrados sobreviventes do acidente

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postado em 05/06/2009 08:22
A esperança dos familiares de passageiros do Airbus A330-200 parece inabalável. Ao participarem ontem de manhã de um culto ecumênico na Igreja da Candelária, no Rio, que reuniu cerca de mil pessoas, muitos fizeram questão de destacar que não rezavam ali por mortos, mas por seus parentes que ainda podem estar vivos. A crença de que é possível encontrar algum sobrevivente ; que pode ter ficado ainda mais forte depois dos resultados das análises dos primeiros objetos retirados do mar ; impressiona quando se leva em conta a quantidade de notícias negativas. Dois golpes que poderiam abalar a fé das famílias foram dados ontem. O primeiro veio nas palavras do presidente da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, em uma reunião com os familiares dos passageiros em Paris. ;Não há nenhuma esperança que haja sobreviventes;, sentenciou o executivo da empresa. Segundo o porta-voz da associação de familiares das vítimas, Guillaume Denoix de Saint-Marc, o diretor afirmou que ;o avião não pôde aterrissar; e que provavelmente se desintegrou no ar ou quando caiu no Oceano Atlântico. A outra má notícia foi a mudança nas prioridades das equipes de busca, que até quarta-feira tinham ordem de só parar as buscas caso encontrassem um corpo ou sobrevivente no mar. A partir de ontem, o recolhimento de destroços passou a ser também um objetivo. Nelson Faria Marinho, 66 anos, pai de Nelson Marinho, 40, passageiro do Airbus, é um dos que acredita na sobrevivência de ocupantes do voo 447. Ele se baseia no fato de o filho ter feito um curso de sobrevivência em alto-mar, por causa do trabalho de mecânico de plataforma petrolífera. ;Se ele teve uma chancezinha, a agarrou;, afirmou o pai, mostrando uma fotografia do filho aos fotógrafos e cinegrafistas de plantão em frente ao hotel onde estão os parentes dos passageiros. Ana Cláudia Dutra, prima do maestro Silvio Barbato ; passageiro do voo 447 ; também contou que os parentes mantêm esperanças de haver sobreviventes. ;Muitas pessoas ainda acreditam, como eu, que tem gente viva, que tem gente lutando para sobreviver, para voltar para os seus, para dizer: ;Olha, eu voltei. Estou aqui, venci essa guerra;;, declarou. Fraternidade No Rio de Janeiro, ontem, fraternidade foi a palavra-chave do discurso do ministro de Assuntos Exteriores da França, Bernard Kouchner, que veio ao Brasil para participar do culto na Candelária. ;Eu penso, justamente, nessas famílias das vítimas, sobre a não chegada do voo a Paris. Eu penso nelas. O Brasil e a França pensam nelas. Isso se chama fraternidade;, destacou o chanceler. Ele assistiu ao culto na Candelária ao lado do colega brasileiro, Celso Amorim, que ressaltou a ;dor partilhada; entre o Brasil e a França. Participaram também o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pôde comparecer porque havia acabado de chegar da Costa Rica. Ele confirmou presença em outra missa hoje, às 18h, mas desmarcou o compromisso ao saber que os parentes não estariam presentes.

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