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Empresa Airbus orienta pilotos a manter velocidade do A330-200 em tempestades

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postado em 05/06/2009 08:23
Mais de 5,6 mil aeronaves fabricadas, 52 mil funcionários, 400 clientes em todo mundo e 3,5 mil aviões encomendados para os próximos anos. O 40º aniversário da Airbus, em 29 de maio, foi ofuscado pelo pior desastre da aviação civil desde 2001 ; em 12 de novembro daquele ano, um jato da American Airlines caiu sobre o bairro nova-iorquino do Queens, matando 265 pessoas. A queda do A330-200 da Air France, domingo passado, levou a Airbus a enviar uma mensagem aos operadores do avião. No texto, a companhia lembra aos tripulantes a necessidade de manterem uma adequada potência dos motores e os corretos parâmetros de altitude e ângulo de voo, ao entrarem em uma forte turbulência. Ontem, o jornal francês Le Monde atribuiu a ;uma fonte ligadas às investigações; a informação de que a aeronave estaria em velocidade incorreta ; sem detalhar se era menor ou maior do que a prevista. As suspeitas, porém, são de que o piloto reduziu muito a velocidade do A330-200, provocando um ;estol aerodinâmico; em grande altitude. O conceito é usado para descrever a perda total de sustentação em voo. Em entrevista ao Correio, um piloto de uma companhia aérea norte-americana que faz as rotas Washington-São Paulo e Washington-Rio de Janeiro e já acumula mais de 18 mil horas de voo afirmou que a redução de velocidade, em meio a uma turbulência, depende dos próprios tripulantes. ;Quando a turbulência alcança um certo nível, o comandante pode reduzir a velocidade para penetrar a região instável e se assegurar de que não há riscos para o avião;, explicou. ;Nesse caso, os autothrottles (equipamentos que permitem ao piloto controlar a entrada de potência nas turbinas) podem trazer os motores à posição idle (mínima propulsão);, acrescentou. Segundo ele, a redução de velocidade pode ter feito com que os autothrottles não respondessem rápido o bastante, como os pilotos pretendiam. A tese indicaria que, nesse momento, o voo AF-447 perdeu potência e sustentação da aeronave, ficando à mercê da turbulência. Momento crítico O mesmo piloto norte-americano admite que uma turbulência extrema poderia causar a perda de controle do avião. ;O gerenciamento de velocidade em uma turbulência é algo crítico. A questão é saber qual informação os tripulantes tinham para tomar a decisão de entrar numa tempestade;, afirmou. Às 23h de domingo, o piloto chegou a reportar que estava atravessando uma área de cúmulo-nimbo ; nuvens que formam paredões de até 12 mil metros de altura (35 mil pés) cortadas por ventos ascendentes e descendentes, com gelo e raios. Questionado se o desastre com o A330-200 pode sugerir que o avião não é tão seguro, o comandante respondeu: ;O que quer que tenha ocorrido com o A330-200 pode acontecer a qualquer aeronave;, disse. ;Tenho várias milhares de horas de experiência com o Airbus e acho que são excelentes máquinas.; Patrick Smith, piloto de jatos comerciais Boeing desde 1990, afirma que as aeronaves modernas têm uma ;velocidade de penetração da turbulência;. ;Pode ser difícil manter a velocidade constante em meio a uma condição climática extremamente tormentosa;, comentou, em entrevista por e-mail. Para o britânico David Learmount, editor de operações e segurança da revista Flight International (com sede em Londres), se o A330-200 estava voando ;muito devagar; é provável que a turbulência o tenha desestabilizado. No entanto, ele garante que qualquer piloto experiente seria capaz de retomar o controle do aparelho, mesmo após a perda de altitude durante a manobra.

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