Jornal Correio Braziliense

Brasil

Tráfico de drogas e crime organizado causam grande impacto também ao meio ambiente

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Cada grama de cocaína pode destruir quatro metros quadrados de floresta. Essa é uma das conclusões do estudo feito pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) e divulgado nesta sexta-feira (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente. O crime organizado está relacionado não apenas ao tráfico de drogas e de seres humanos, mas também ao tráfico de produtos florestais, incluindo madeira e animais silvestres, de minerais e pedras preciosas, e de diferentes substâncias que destroem a camada de ozônio e que se tornam resíduos perigosos despejados em águas sem qualquer controle. Para o médico Elisaldo Carlini do Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid) é necessário mostrar este outro lado pouco comentado pela mídia. ;O prejuízo que as drogas trazem para os indivíduos e para sociedade todos conhecem, é preciso agora mostrar o do ecosistema;, afirma. Para explicar, o médico relata o exemplo da cocaína. ;A cocaína é uma substância extraída da coca. Toda planta tem que ser plantada em algum terreno. Para encobrir o crime são feitas plantações clandestinas em terras de difícil acesso, como florestas e encostas de montanhas. Já há aí destruição;, exemplifica. ;Além disso, na preparação da cocaína utilizam-se substâncias, como o ácido sulfúrico, gasolina e querosene, que depois são descartadas em qualquer lugar, contaminado solo e água;, completa. Na Colômbia, cerca de 8.000 hectares de área de parque nacional foram destruídos devido à coca cultivada apenas em 2007. O ar também tem sido poluído pela fumaça, na queima da floresta para o plantio da coca. Na Ásia, quase 2% por ano de florestas são perdidas por causa do tráfico de drogas. ;Usar drogas é prejudicial à saúde e à natureza;, afirma o médico. Também é responsabilidade dos cidadãos optar por não usar drogas ilícitas, ajudando, assim, a diminuir os danos ecológicos causados por organizações criminosas.