postado em 06/06/2009 12:20
A investigação sobre o acidente envolvendo o AF 447, o avião da Air France que fazia a ligação entre Rio de Janeiro e Paris, se concentrava neste sábado (06/06) nos problemas relacionados à medição de velocidade do aparelho, e dos Airbus A330 de um modo geral, num momento em que, quase uma semana depois da catástrofe, os destroços ainda não foram encontrados.
O Escritório de Investigações e Análises (BEA, sigla em francês), encarregado da investigação técnica francesa, confirmou neste sábado que o voo AF 447, que transportava 228 pessoas quando caiu no Oceano Atlântico, na noite de domingo, teve sérios problemas técnicos, relacionados principalmente à medição de sua velocidade.
A construtora europeia Airbus tem "programas de substituição e de modernização dos detectores de velocidade" dos modelos A330, pois problemas já foram registrados no passado em outros aparelhos deste modelo, revelou o diretor do BEA, Paul-Louis Arslanian.
"Constatamos no A330 diveras panes deste tipo (envolvendo os detectores de velocidade)", destacou. A Airbus se limitava até agora a orientar os pilotos sobre as providências a serem tomadas nestes casos, ressaltou.
"Isso não significa que se a substituição não for feita o avião será perigoso, nem que se houver a substituição ele não representará mais nenhum perigo", frisou Arslanian, destacando que os incidentes constatados "não provocaram uma perda de atitude do avião", que "foi recuperado" a cada vez.
O BEA revelou na sexta-feira que segundo os primeiros elementos da investigação, o A330 da Air France foi afetado por uma "incoerência" entre as velocidades medidas pelo aparelho. A Airbus tinha publicado um aviso a seus clientes neste sentido.
Entretanto, a ligação entre estes problemas de medição de velocidade e a catástrofe não foi estabelecida, e o mistério continua pairando sobre as circunstâncias do acidente.
Os investigadores sabem que o avião enviou 24 mensagens técnicas de anomalias, antes de cair no Oceano Atlântico.
Vinte e quatro mensagens ACARS (mensagens de anomalias, panes ou paradas do sistema) foram enviadas pelo avião segunda-feira entre 2H10 e 2H14 GMT (23H10 e 23H24, hora de Brasília), informou Alain Bouillard, funcionário do BEA.
A última mensagem de posição foi transmitida às 2H10 GMT. Segundo Arslanian, várias falhas nos sistemas, entre os quais o sistema de pilotagem automática, foram assinaladas.
Os aviões enviam mensagens de pane mesmo quando o sistema é parado "deliberadamente" pelos pilotos, ressaltou.
Além disso, Alain Ratier, diretor geral adjunto dos serviços meteorológicos franceses, destacou que "nada indica" que o voo AF447 tenha encontrado em seu trajeto "uma tempestade de intensidade excepcional" para um mês de junho.
Enquanto isso, a busca por destroços do aparelho continuava neste sábado. A frota internacional de aviões e navios recomeçou a vasculhar a área onde teria supostamente caído o AF 447, a cerca de 1.000 km do litoral brasileiro.
Para tentar localizar as caixas pretas, meios acústicos emprestados pelos Estados Unidos serão encaminhados para a área onde estão sendo procurados os destroços do Airbus, informou Arslanian.
A França enviou para ajudar nas buscas o submarino nuclear de ataque Emeraude, dotado de sonares, que deve chegar na próxima semana, além do navio "Pourquoi Pas", que transporta um submarino especializado nas buscas em grande profundidade, o "Nautile", e um robô, o "Victor 6000". Ambos podem operar a 6.000 metros de profundidade.
A profundidade do oceano na área onde se concentram as buscas foi avaliada em 4.606 metros.