Brasil

Oito policiais militares são acusados por homicídio de jovem engenheira

postado em 20/06/2009 08:24
Um ano depois do desaparecimento da engenheira Patrícia Franco, 24 anos, a Delegacia de Homicídios vai indiciar dois policiais militares por homicídio e pelo menos outros seis por ocultação de cadáver. A linha de investigação mais forte é de que ela foi executada por dois PMs ao sair do Túnel do Joá, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, quando tentava escapar de uma blitz irregular realizada por outros policiais, na noite de 14 de junho do ano passado. O pai de Patrícia, o analista de sistemas Antônio Celso Franco, 54 anos, fala com esperança sobre as investigações. 'O delegado informou que, no início da próxima semana, encerra o inquérito. Queremos saber de tudo, que o caso seja resolvido e os culpados sejam presos. Se possível, pelo resto da vida', desabafou. O drama da família dele começou na madrugada do dia em que Antônio celebraria seu 53º aniversário. Patrícia voltava de um show no Morro da Urca, na Praia Vermelha (Zona Sul). As imagens das câmeras de segurança mostram a moça saindo normalmente do local. Às 4h, ela se despediu de uma amiga e voltou sozinha dirigindo seu Palio cinza em direção à Barra da Tijuca, onde morava com os pais. Na saída do Túnel do Joá, segundo a perícia, o carro desceu uma ribanceira, capotou e parou nas águas do Canal Marapendi. Uma patrulha com o cabo Marcos Paulo Nogueira Maranhão e o soldado William Luis do Nascimento, do 31º Batalhão de Polícia Militar, do Recreio dos Bandeirantes, estava no local. O Corpo de Bombeiros foi acionado pelos policiais por telefone cerca de 15 minutos depois do acidente, apesar de a sede do Grupamento Marítimo de Salvamento ficar nas proximidades. 'Minha mulher atendeu o telefone, às 7h30. Uma policial civil informou do acidente e (avisou) que o corpo da minha filha não havia sido localizado', recorda Antônio. Buscas Dezenas de bombeiros com embarcações e o apoio de um helicóptero procuraram o corpo no canal, mas acharam apenas o relógio e duas pulseiras da engenheira. A Polícia Civil começou então a suspeitar da versão de acidente contada pelos policiais militares. Duas semanas depois, o irmão de Patrícia, Adriano Franco, 26 anos, foi até a oficina mecânica para onde o carro foi rebocado e percebeu duas marcas de tiro no capô. O caso, que foi registrado como ;acidente com desaparecimento da vítima; na 16ª Delegacia de Polícia, localizada na Barra da Tijuca, foi transferido para a Divisão Anti-Sequestro (DAS). Em setembro, o Núcleo de Desaparecidos da Delegacia de Homicídios (DH) assumiu o caso. Sem o corpo, a DH se baseia na perícia que descobriu um total de quatro perfurações de tiros na frente do carro e em uma reprodução simulada que derrubou a versão de acidente contada pelos policiais militares. A tese mais forte é de que Patrícia não parou em uma blitz irregular da PM. 'Ela se assustou por algum motivo, provavelmente uma falsa blitz em São Conrado, na altura de um posto de gasolina. Eles comunicaram a fuga dela por rádio aos PMs que faziam a patrulha na saída do túnel onde o carro foi alvejado. Pela velocidade do Palio, a perícia constatou que não houve tempo para que eles escapassem de um atropelamento ou pedissem para minha filha parar', disse o pai. A investigação apontou que, além da dupla de patrulheiros, outros seis PMs do 31ºBPM estiveram no local após a queda do carro no canal. O delegado adjunto da DH, Ricardo Barbosa, que investiga o caso, conclui nos próximos dias o papel de cada um dos PMs. Uma das linhas de investigação é que milicianos da Zona Oeste teriam ajudado os PMs a desaparecer com o corpo.

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