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Estudo sobre vacina contra a malária está em estágio avançado, diz cientista

postado em 25/06/2009 16:05
A produção de uma vacina contra a malária está em estágio avançado. A informação é do chefe da divisão de Imunologia Michael Heidelberger da Universidade de Nova Iorque, Victor Nussenzweig.

Cientista e professor de patologia, Nussenzweig participou hoje (25/6) do seminário Vacina contra a Malária: Histórico, Estado Atual e Perspectivas, no auditório da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ele disse que a vacina é baseada na proteína de uma fases de desenvolvimento do parasita transmissor da malária e tem o nome de RTSS.

;Já foram feitos muitos ensaios no homem durante 20 anos de pesquisa e a conclusão é a de que a proteção contra a malária grave é entre 30% a 50% das pessoas, depois de três injeções. Essa vacina está em fase final de experimentação, com um ensaio em várias regiões da África, entre 15 a 20 mil pessoas, e, se os resultados forem semelhantes, será de fato a primeira vacina antiparasitária no homem.;

Nusssenzweig disse que os resultados devem ser conhecidos em 2010, mas ressaltou que a vacina não é perfeita, já que deveria proteger mais do que 50%, ser muito barata e aplicada preferencialmente em uma única dose. Segundo ele, o tempo de proteção varia entre um e dois anos, o que é outro problema a ser superado.

Entretanto, ele acredita que seja possível aperfeiçoar os resultados obtidos até agora. ;Estamos trabalhando muito intensamente em achar outros antígenos protetores como também outros vetores da proteína que possam prolongar a duração e a eficácia da vacina;.

O cientista reforçou que a RTSS será apenas uma das armas contra a malária, além das medidas preventivas, do combate ao mosquito e da administração de medicamentos. ;É mais uma arma, não é ainda arma para eliminar a malária;, enfatizou.

De acordo com Nussenzweig, há muitos cientistas trabalhando em busca da vacina ideal.

O médico epidemiologista, Luiz Hildebrando Pereira da Silva, afirmou que pode haver um aumento da malária em regiões brasileiras onde estão sendo construídas usinas hidrelétricas e estradas, porque essa expansão cria condições para a disseminação do parasita.

Ele citou como exemplo as áreas próximas ao Rio Madeira, em Rondônia, como um dos locais onde a situação é bastante delicada. ;A situação lá é perigosa porque existem pessoas que sofrem de malária clínica, como pessoas que são imunes devido ao contato prolongado e repetido com o parasita, mas que são portadores do parasita e, por isso, infectam o mosquito.;

Luiz Hildebrando lembrou que, com a construção das hidrelétricas do Madeira, espera-se a chegada de cerca de 20 mil trabalhadores de diversas regiões que não são portadores da doença e, por isso, não são imunes. ;O vetor da malária na Rondônia é ativo à noite, então qualquer pessoa pode circular próxima ao rio durante o dia, mas, a partir das 18h eles saem imediatamente de seus esconderijos para procurar comida.;

Segundo ele, na região do Rio Madeira, a incidência de picadas do mosquito Anopheles, o vetor da malária que carrega o parasita, chega a 10 a 20 por hora em cada pessoa. Essa característica torna os trabalhadores do período noturno altamente vulneráveis à doença.

Hildebrando disse, ainda, que o Ministério da Saúde e os serviços de saúde locais estão conscientes do perigo, mas, normalmente, não têm estrutura suficiente para combater o problema. ;Temos alertado o ministério e as secretarias de Saúde locais para tentar segurar o máximo possível, mas é necessário saber que estamos sob ameaça de epidemia nessas áreas;.

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