postado em 26/06/2009 08:41
Um homem em fuga invadiu um apartamento na noite de quinta-feira (25/6) no Jardim Valquíria, região de Sapopemba, na zona leste de São Paulo, e fez duas pessoas reféns por cerca de duas horas: Jéssica Nunes Silva, grávida de cinco meses, e uma vizinha dela - que também foi feita refém, mas foi liberada depois de uma hora da invasão. Elas não sofreram ferimentos. Depois de negociar com a Polícia Militar (PM), o jovem Tiago Portela resolveu se entregar.
Visivelmente embriagado, Portela, de 21 anos, foi levado ao 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela). Ele alegou à imprensa que invadiu o apartamento para fugir de agressores, mas não disse quem seriam esses agressores.
Afirmou também que não pretendia fazer mal nenhum às vítimas. "Eu invadi para me proteger, para não ser morto", disse. Ele confessou ter ingerido bebida alcoólica antes do crime. "Bebi cerveja, mas suave". Aos PMs do 38º Batalhão, o acusado teria dito que participou do roubo de um carro pouco antes e se desentendeu com os comparsas.
Segundo o relato das vítimas, Portela aproveitou a chegada da mãe de Jéssica ao apartamento para invadir o imóvel. Ele simulava estar armado. Do lado de fora, a mãe da jovem gritou por socorro. Uma vizinha ouviu e foi até o local. Quando chegou, encontrou a porta da sala aberta e entrou no apartamento, porque confundiu Portela com um conhecido.
"Quando vi que não era meu conhecido, já estava na sala e ele não me deixou mais sair", contou a vizinha, uma diarista de 58 anos que preferiu não se identificar. Ela disse ter conversado por cerca de uma hora com Portela na tentativa de acalmá-lo. Em seguida, foi liberada.
A diarista questionou o motivo pelo qual o acusado invadiu o apartamento e ouviu a resposta de que ele estava "na correria". Ela disse que Portela ameaçou matar Jéssica. "Percebi que ele só fez aquilo tudo por desespero. Não senti que tinha ódio nele, senti que tinha medo", afirmou.
Jéssica, de 18 anos, contou que foi agredida e ameaçada de morte por Portela durante o tempo em que foi mantida dentro do apartamento. "Ele me enforcava e me mandava gritar, mas eu não conseguia. Ele também apertava a minha barriga com muita força", afirmou.
Conforme a vítima, no início Portela dizia não querer a presença da polícia, mas depois mudou de ideia. "Ele falou que tinha uns caras querendo pegar ele, que correu para dentro para se salvar e que preferia se entregar para a polícia a ser morto" relatou. Jéssica também contou já ter visto o acusado perto da casa de um tio, em outro bairro.
Invasão de domicílio
O delegado plantonista do 69º Distrito Policial, Valter Pereira César, optou por registrar o crime como invasão de domicílio, que tem pena de um a três meses de detenção e pelo qual o acusado responde em liberdade.
Ele estava com uma das mãos machucadas quando chegou à delegacia e com a blusa cheia de manchas de sangue. O delegado mandou apreender a blusa para que um exame compare o sangue contido nela ao sangue do acusado. Foi solicitado ainda um exame para constatar a dosagem alcoólica no sangue de Portela.
A Polícia Civil agora deve investigar o que aconteceu com o acusado antes da invasão ao apartamento. De acordo com o tenente Eliel Roberto Guedes Furtado, do 38º Batalhão da PM, durante a negociação com o invasor o local foi isolado e os policiais tiveram cautela porque não sabiam se ele estava armado. "Ele aparentava estar com uma arma branca", explicou.
Ainda conforme o policial, depois de soltar a vizinha de Jéssica a única exigência de Portela, atendida pela PM, foi que a jovem grávida fosse liberada somente no pátio do condomínio. Quando questionado, o policial disse acreditar que, mesmo desarmado, o acusado colocou em risco a vida da grávida e do bebê.