postado em 29/06/2009 10:38
Morreu ontem (28/6), em Passo Fundo (RS), a primeira vítima brasileira da Influenza A H1N1, conhecida como gripe suína. Apesar disso e da escalada da doença no país, tanto o Ministério da Saúde quanto a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informaram que não mudarão a estratégia de prevenção e tratamento de um mal já classificado de "pandemia" pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
[SAIBAMAIS]
Até as 20h30 de ontem, o Brasil registrava 627 casos da nova gripe, 36 a mais do que no sábado. No Distrito Federal, o número chegou a 26, cinco a mais do que no dia anterior. Há duas semanas, eram apenas três as pessoas infectadas na capital brasileira. O aumento da incidência ocorreu, sobretudo, depois do feriado de Corpus Christi.
Segundo a subsecretária de Vigilância em Saúde do DF, Disney Antezana, mesmo diante do crescimento expressivo de infectados, a política local de controle da doença é satisfatória. "Ampliamos o número de visitas a locais de possível contágio, como escolas, creches e empresas, onde os infectados com a doença possam ter tido contato com outras pessoas. Todos os dias são feitas avaliações desses casos e, se acharmos que há necessidade, intensificaremos as ações", afirmou Disney. Devido à expansão do contágio, o atendimento às pessoas com suspeita da gripe está sendo descentralizado.
Hospitais das redes pública e particular estão fazendo uma triagem nos pacientes e, só em caso de coleta de materiais ou de internação, eles são encaminhados ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência para tratamento da nova gripe no DF.
Para o secretário adjunto de Saúde do DF, Florêncio Cavalcante, a situação é "tranquila". "Nós estamos seguindo o protocolo do Ministério da Saúde. Portanto, se ele não alterou os parâmetros do tratamento, nós também não vamos mudar". Cavalcante acrescentou que o Rio Grande do Sul, onde ocorreu a primeira morte, teria uma situação singular.
"Por conta da proximidade com a Argentina, o estado recebe muitos viajantes e abriga muitas pessoas que vão para aquele país. Aqui, a maioria dos pacientes contraiu o vírus no exterior", disse o secretário adjunto.
Tranquilidade
Tentando minimizar a trajetória ascendente de infectados no país, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse ontem, em entrevista coletiva, que o crescimento da incidência da doença já era esperado. "Esse aumento expressa uma situação esperada em decorrência do último feriado, quando muitas pessoas viajaram para países com transmissão sustentável. No Brasil, 75% dos casos são em pessoas que estiveram no exterior e 25% foram contaminadas por conta de um vínculo epidemiológico forte", afirmou Temporão.
O ministro reforçou a recomendação para que pessoas mais vulneráveis evitem visitar países em que a transmissão do vírus é sustentada.
Estão nessa lista de países, conforme a OMS, Estados Unidos, Chile, Argentina, México, Canadá, Austrália, e mais recentemente, o Reino Unido. No Brasil, desde a última sexta-feira (26/6) o tratamento de pacientes com a Influenza foi modificado.
Apenas pessoas em estado grave ou em evolução para um estado mais crítico da doença estão recebendo medicação. A intenção é evitar que o vírus se fortaleça. "A maioria dos pacientes evolui naturalmente para a melhora e a cura", declarou Temporão.
A expectativa é de que o número de casos continue subindo, já que o inverno está chegando ao hemisfério sul, o que aumenta, tradicionalmente, os casos de gripe sazonal. O ministro apostou, no entanto, que a taxa de mortes caia no mundo. "Nas primeira semanas, a taxa era de 2%. Ela caiu para 0,5% e agora está próximo de 0,4". Os números são resultados de uma média mundial. Portanto, sofrem alterações de um país para outro.
Cronologia da morte
15 de junho
Ainda na Argentina, o homem de 29 anos começa a sofrer com os sintomas da Influenza. Ele sentia dores no corpo, tossia muito e tinha febre alta
19 de junho
O caminhoneiro retorna ao Brasil e procura atendimento médico
20 de junho
Vanderlei Vial foi atendido nesse dia em Erechim, onde morava, na Fundação Hospitalar Santa Terezinha
23 de junho
Os sintomas evoluem para um quadro de insuficiência respiratória. O paciente é transferido para um hospital em Passo Fundo
24 de junho
O estado de saúde se agrava. Ele sofre uma parada cardíaca, mas é reanimado. Fica em coma induzido