Correio Braziliense
postado em 30/06/2009 08:00
Os estudantes da pequena São Gabriel (RS), distante 320km de Porto Alegre, retornam às aulas hoje, após uma semana de recolhimento por causa de um surto de gripe suína. Com apenas 60 mil habitantes, o município já tem 36 casos confirmados, cinco deles por exames de laboratório. A Secretaria Municipal de Saúde aguarda o resultado de mais dois. Na capital do estado, por exemplo, que tem 1,4 milhão de habitantes, há 23 casos confirmados. O secretário municipal, Paulo Forgiarini, informa que não surgiram novos casos nos últimos dias, mas acrescenta que não há medicamentos para iniciar novos tratamentos se isso for necessário. Também não há leitos disponíveis nos hospitais regionais para casos que exijam internação.
O primeiro caso confirmado foi de uma estudante que esteve na Argentina no dia 14 deste mês. Ela não foi ao colégio no dia 15, uma segunda-feira, mas foi à aula na manhã seguinte, mantendo contato com os colegas. Sentiu os primeiros sintomas somente na noite de terça-feira. Um médico preparado para o atendimento confirmou o caso de gripe suína. Ela foi transportada para o Hospital Universitário de Santa Maria. O seu caso está estabilizado, mas ainda é considerado grave. “Os sinais vitais dela estão mantidos. Ontem, ela teve uma pequena melhora. Foi possível diminuir um pouco a quantidade de oxigênio liberado na ventilação mecânica. Ela está dentro de um quadro grave, e tem uma real expectativa de que possa superar tudo isso”, afirma Forgiarini.
Na internação da estudante, a prefeitura de São Gabriel enfrentou dificuldades: “Houve um preparativo (no estado), mas quando foi necessário usar, a gente viu que não existia tudo aquilo que se apregoava por aí”.
Na semana passada, os habitantes de São Gabriel circularam pelas ruas com máscaras de proteção. Foram notificados 41 casos no município. Cinco deles foram descartados, cinco confirmados por exame de laboratório e 31 confirmados por vínculo epidemiológico. (1)Essas pessoas já estão sendo medicadas há uma semana.
Forgiarini está surpreso com as novas recomendações do ministério. “A gente recebe com certa desconfiança. Você começa a tratar uma doença com um protocolo pré-existente, e isso muda em quatro ou cinco dias… Alguma coisa está errada. Ou foi feita errada ou vai ser errada agora.”
O Ministério da Saúde informou, por meio da assessoria, que os medicamentos foram enviados para todas as secretarias estaduais e que cabe a elas fazer a distribuição. Segundo o órgão, o governo tem estoque de remédios suficiente para tratar 9 milhões de pessoas.
