Brasil

Gripe suína: viagens e reembolsos adiados

Mesmo com a recomendação para que se evite países como Chile e Argentina, turistas têm dificuldade em conseguir o dinheiro de volta

Rodrigo Couto
postado em 04/07/2009 08:00

Adalberto não conseguiu o reembolso da passagem da filha para Orlando: próxima parada será o Procon, para tentar receber os R$ 1,5 mil gastosDesde que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, recomendou, em 23 de julho, à população que adie viagens para países onde há circulação do vírus da gripe A H1N1, como Argentina e Chile, onde a doença já causou dezenas de mortes, centenas de brasileiros estão encontrando dificuldade em cancelar seus pacotes turísticos, mesmo que os destinos sejam áreas afetadas pela enfermidade. Procurada pelo Correio, a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) afirma, em nota, que quanto a reembolsos de possíveis cancelamentos, os passageiros têm a garantia nos casos citados pelo Ministério da Saúde ; senhores e senhoras com mais de 60 anos, crianças até 2 anos e pessoas com baixa imunidade. Fora desse perfil, segundo a associação, cada operadora tratará de forma individualizada, conforme política dos fornecedores. O Ministério Público do Distrito Federal diz que vai abrir inquérito civil público para apurar se existe abuso por parte das empresas. Enquanto não houver determinação do Ministério da Saúde para restringir roteiros, as agências de turismo vão adotar a negociação. ;Não há determinação do governo no sentido de proibir viagens aos países afetados pela gripe A. Por isso, vamos trabalhar com o bom senso, pois não queremos prejudicar a relação com nossos clientes;, afirma João Zizman, presidente da Associação Brasileira das Agências de Turismo do DF (Abav-DF), entidade que trabalha em parceria com a Braztoa. ;Apoiamos integralmente a nota assinada, com as orientações sobre o reembolso, que prevê a concessão somente para as pessoas com mais de 60 anos, crianças até 2 anos e pessoas com baixa imunidade com viagens marcadas ao Chile e Argentina;, observa Zizman. Mesmo com a recomendação do ministro da Saúde, agências e passageiros não se entendem em relação ao destino e a data da viagem. É o caso do analista de sistemas Adalberto Ferreira Ramos, 34 anos, que tentou, sem sucesso, o reembolso da passagem de sua filha Maria Luiza para Orlando, nos Estados Unidos. ;A agência de turismo pediu para escrever uma solicitação de reembolso e a única coisa que entregou foi um recibo do pedido;, reclamou Adalberto, que vai entrar na Justiça e no Procon para tentar reaver os R$ 1.587,74 dos bilhetes aéreos. Justificativa Procurada pela reportagem, um funcionário da Visão Turismo, que não quis se identificar, diz que o reembolso não foi concedido porque a passagem adquirida é promocional. [SAIBAMAIS]Em nota, a assessoria de imprensa da CVC, líder do setor, afirma que a empresa não registrou, até o momento, um número expressivo de cancelamentos de viagens para Argentina e Chile, ;porque seu principal produto nesta temporada de inverno é Bariloche, que tem somente um caso de gripe A confirmada;. No texto, a operadora ;acredita que, como se trata de uma recomendação do Ministério da Saúde dirigida a uma faixa restrita de público, a mesma não trará grande impacto aos seus negócios;. Em caso de o cliente preferir alterar a data da viagem, trocar o destino ou cancelá-la, a operadora afirma que não cobrará multas, ;mas repassará aos clientes eventuais despesas que não forem revertidas com fornecedores.; Gerente comercial da Visual Turismo de Brasília e Goiânia, Regina Barros, afirma que apenas a Aerolineas Argentinas está reembolsando os passageiros. ;A Gol e a TAM, por enquanto, ainda não enviaram nenhum comunicado sobre o assunto;. Vice-líder do setor, a Visual diz que registrou queda de 90% para os pacotes que tem o México como destino. ; Leia a íntegra da nota da Braztoa

A Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) e seus associados que trabalham com os destinos Argentina e Chile vêm acompanhando com atenção o aumento no número de casos de brasileiros infectados pelo vírus Influenza A (H1N1) e monitorando a situação nestes países, em contato permanente com as autoridades locais.

Por conta disso, a entidade reforça entre seus associados a necessidade de manter todos os passageiros informados sobre a situação nos dois países. A saber: 1. A recomendação do Ministério da Saúde brasileiro é de evitar as viagens de quem tem mais de 60 anos, crianças com menos de dois anos e também aquelas com baixa imunidade. Não há qualquer proibição, entretanto, dos brasileiros viajarem para estes países; 2. A OMS - Organização Mundial de Saúde - não restringe viagens entre países desde o início do surto da doença. Mesmo países com muito mais casos (como México e Estados Unidos) mantém seus vôos e nenhuma restrição de viagens; 3. A Inprotur - agência de promoção da Argentina - informa que casos graves da doença, no país, só tem sido verificados em paciente com baixa imunidade; que as autoridades sanitárias locais implantaram um plano de atenção exaustivo ante a menor suspeita de novos contágios; e que os principais destinos de inverno do país estão preparados para atender os turistas. Além disso, a atividade produtiva e de serviços, bem como os espetáculos, funcionam normalmente. 4. Bariloche, na Argentina, comunica que a cidade vem há meses trabalhando na prevenção ao contágio. O aeroporto foi aparelhado com as mais modernas formas de detecção da doença e garante assistência médica no caminho de acesso à cidade. 5. Quanto a reembolsos de possíveis cancelamentos, os passageiros têm a garantia nos casos citados pelo Ministério da Saúde (pessoas com mais de 60 anos, crianças até 2 anos e pessoas com baixa imunidade). No restante dos casos, cada operadora tratará de forma individualizada, conforme política de cancelamento e reembolso dos fornecedores.

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