Brasil

Pesquisa mostra que 90% dos pacientes com mais de 60 anos tem problema bucal

Rodrigo Couto
postado em 04/07/2009 09:19
Poucas pessoas sabem, mas a parte interior da boca, denominada de mucosa oral, tem uma função de proteção que afeta diretamente toda a saúde do corpo humano. Com o envelhecimento, a membrana fica mais sensível aos agentes nocivos e pode tornar-se uma porta de entrada de diversas doenças, como infecções causadas por fungos e bactérias. Com o objetivo de traçar um panorama sobre a saúde bucal dos idosos, uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) constatou que 90% dos pacientes com mais de 60 anos apresentaram lesões que comprometem a saúde. Os mais velhos, atingidos pela osteoporose, devem redobrar a atenção com a higiene bucal, pois o medicamento para combater a enfermidade pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da osteonecrose bucal, doença causada pela morte de osso da mandíbula ou maxilar. De autoria da pesquisadora Ana Luiza Rego Julio, mestra em ciências da saúde pela UnB e cirurgiã dentista, o estudo revelou que sete em cada dez pacientes analisados usam prótese dentária. Muitos deles estão com a dentadura há mais de 30 anos. %u201CConstatamos precariedade da condução da saúde bucal na faixa etária acima dos 60 anos%u201D, afirmou Ana Luiza. %u201CPor falta de conhecimento, eles acham que, só porque usam dentadura, não há necessidade de procurar um dentista. Encontramos pessoas sem nenhum dente e com graves lesões e traumas, além de próteses mal cuidadas.%u201D Apesar de usar prótese dentária desde os 28 anos, Eny Maria de Melo, 69, ressalta que sempre cuida de sua dentadura e procura trocá-la a cada três anos. "Quando jovem, tive várias cáries e inflamações na gengiva que me obrigaram a extrair todos os dentes e colocar uma prótese. Mesmo assim, consegui me adaptar e tento levar uma vida normal. Só acho ruim quando troco a chapa, porque ela ainda não está totalmente adaptada e machuca um pouco", explicou. Com três filhos e seis netos, Eny vive há quatro anos na Pousada Chysantho Moreira da Rocha, espécie de asilo dentro da Casa do Ceará, em Brasília. Frequência Especialista na confecção de dentaduras, Nalva Maria da Silva, lembra que as próteses devem ser trocadas, no máximo, a cada cinco anos. "É o intervalo ideal para que as pessoas, de todas as idades, encomendem novas dentaduras", reforçou. Diretora de Promoção Social da Casa do Ceará, Maria de Jesus Monteiro observou que praticamente os 23 idosos, sendo quatro homens e 19 mulheres que vivem na Pousada Chysantho Moreira da Rocha, precisam de atendimento bucal. Intitulada Avaliação das condições da mucosa oral em mulheres na pós-menopausa e em homens acima dos 60 anos, a pesquisa, apresentada como dissertação de mestrado da pesquisadora Ana Luiza, elencou prováveis fatores de risco que levam ao desenvolvimento da osteonecrose. Em seu estudo, ela sugere novos e constantes estudos. "Por serem parte de uma população nitidamente crescente, os idosos devem ter suas condições de saúde e propostas de tratamentos adequadas a essa nova realidade."

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