Brasil

Crime do RPG: apuração do caso no banco dos réus

Ingrid Furtado
postado em 07/07/2009 09:14
Ouro Preto - O Ministério Público Estadual (MPE) vai pedir à Corregedoria da Polícia Civil que apure as circunstâncias da investigação conduzida pela Delegacia Seccional de Ouro Preto do assassinato da jovem Aline Soares Silveira, em outubro de 2001. A decisão foi tomada um dia depois da absolvição dos quatro suspeitos indiciados pela polícia e acusados pelo MPE de cometer o crime, supostamente inspirados em rituais satânicos e em um jogo de RPG. "Queremos saber o que ocorreu no curso do inquérito para apurar a responsabilidade administrativa e penal de quem conduziu a investigação", disse, nesta segunda-feira (6/07), a promotora de Justiça da Vara Criminal de Ouro Preto, Luiza Helena Trocilo Fonseca. [SAIBAMAIS]Luiza Fonseca assumiu o posto em Ouro Preto em 2004, época em que conduziu uma investigação paralela a respeito do homicídio. Na época, achou testemunhas que não haviam sido ouvidas pela polícia e descobriu que não foi feita perícia adequada em roupas e objetos deixados perto do corpo de Aline, na época com 18 anos. A jovem foi encontrada despida e com 17 perfurações sobre um túmulo da Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia de Ouro Preto, em uma manhã de domingo. "Não é o caso de jogar a culpa do ocorrido em um delegado, como se todo o erro fosse dele. Vários delegados cuidaram do caso. Mas é preciso apurar quem era responsável por laudos que deixaram de ser feitos e por que muitas testemunhas importantes não foram ouvidas", disse a promotora. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou apenas que "causa estranheza o fato de o Ministério Público ter considerado haver provas suficientes no inquérito para apresentar a denúncia e agora criticar o trabalho da Polícia Civil%u201D" Até sexta-feira, o MPE e a família de Aline decidem se recorrem ou não da decisão do júri, que entendeu não haver provas que liguem ao crime os acusados Edson Poloni de Aguiar, Cassiano Inácio Garcia, Maicon Fernandes Lopes, todos de 27 anos, e a universitária Camila Dolabella Silveira, de 26. A mãe de Aline, a professora aposentada Maria José Silveira Soares, de 60 anos, disse que não está sendo fácil aceitar a decisão e que não sabe mais o que fazer para descobrir quem matou sua filha. "Fui ao julgamento para tentar esclarecer isso, mas saí com as mesmas dúvidas. Percebi que faltou muita coisa na investigação, que passou um tempo longo e muita coisa se perdeu", disse a mulher, que enfrenta a pressão dos filhos, irmãos de Aline, para que mude seu posicionamento e entre com recurso contra a decisão do júri. "Eles estão revoltados, choram e sinto que não tenho condições de consolá-los, porque essa luta é inglória. Tenho que me apegar ao que minha filha era para mim, uma companheira. Entrego a Deus", disse. Leia mais na edição impressa do Correio

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