postado em 08/07/2009 16:25
A redução das diferenças sociais nos grandes centros urbanos, que trazem consequências negativas para as crianças e os adolescentes pobres, é o principal objetivo da Plataforma dos Centros Urbanos, lançada hoje (8/7) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no Rio de Janeiro, e ontem (7), em São Paulo.O projeto vai funcionar com a união dos governos municipais, estaduais e federal e de grupos locais de articulação para atingir 20 metas municipais e 30 metas comunitárias nas áreas de educação, saúde, assistência social e proteção. Por enquanto, a iniciativa será implantada nos municípios de São Paulo, Itaquaquecetuba e Rio de Janeiro. A expectativa da Unicef é alcançar essas metas até 2010 e, a partir de uma avaliação dos resultados obtidos nessas localidades, estender o projeto para outras cidades.
Segundo a Unicef, as metas serão alcançadas por meio do desenvolvimento de estratégias como a articulação política dos diferentes atores sociais para que atuem em conjunto; a mobilização social dos governos, organizações nacionais e internacionais, empresas e a sociedade em geral; o desenvolvimento de capacidades dos agentes que atuam na área da infância e adolescência; o monitoramento e avaliação da situação de crianças e adolescentes que vivem em comunidades populares; e o reconhecimento das prefeituras que alcançarem as metas.
Para o conselheiro do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda), Ariel de Castro Alves, crianças e adolescentes que vivem em situação de rua precisam ser prioridade para a Plataforma dos Centros Urbanos. Segundo o último levantamento feito em 2007 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), há cerca de 1.842 crianças que vivem nas ruas de São Paulo. Dessas, 60% têm entre 12 e 17 anos e 40%, entre 7 e 11 anos.
O foco do projeto, revelou ele, é a crackolândia ; onde os usuários de crack costumam se reunir diariamente -, Avenida São João, Praça da República, Largo do Arouche e Praça da Sé, todos na região central da cidade.
De acordo com Ariel, crianças e adolescentes relataram recentemente ao Conanda que não têm recebido assistência do município. ;Elas reclamaram da falta de programas sociais e contaram que o programa São Paulo Protege suas Crianças, que até 2008 era atuante, este ano não está mais ocorrendo;.
Segundo o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, os projetos de proteção às crianças e aos adolescentes continuam em andamento. Ainda segundo ele, o São Paulo Protege suas Crianças funcionará de maneira integrada nas áreas de saúde, assistência social, educação. ;Temos expectativa positiva de encontrar o caminho para recuperar essas crianças e jovens.;
Dados da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social indicam que, em 2005, cerca de 3 mil crianças e adolescentes ficavam nos semáforos em 188 cruzamentos da cidade. Em 2007, esse número caiu para 2 mil. Em geral, essas pessoas são da periferia ou de outras cidades da Grande São Paulo. Os dados apontam ainda que cada criança ganha por dia R$ 30 ; nos cruzamentos de maior movimento, conseguem tirar R$ 80. Por ano, esse valor pode chegar a R$ 10.800. O ganho anual das cerca de 2 mil crianças que trabalham nos semáforos é de cerca de R$ 25 milhões.