Brasil

Integrante do MST que escapou da chacina em PE pode ser incluído em programa de proteção

Ana Paula Neiva
postado em 09/07/2009 08:37
O ouvidor-agrário nacional adjunto, João Pinheiro de Souza, e o promotor agrário de Pernambuco, Édson Guerra, anunciaram ontem que vão solicitar a inclusão do agricultor que sobreviveu à chacina que deixou cinco sem-terra mortos em Brejo da Madre de Deus, no Agreste, no Programa de Proteção à Testemunha. Passados três dias do crime, a polícia ainda não conseguiu prender os assassinos.
[SAIBAMAIS]
As mortes chocaram o assentamento Chico Mendes, localizado na antiga Fazenda Garrote, a 219 quilômentros do Recife. Ontem, a direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) aproveitou a visita de João Pinheiro de Souza e de Édson Guerra para denunciar a falta de proteção ao agricultor Erionaldo José da Silva, 30, atingido com um tiro no ombro durante a chacina. Segundo o MST, Erionaldo prestou depoimento na delegacia de Santa Cruz do Capibaribe, na madrugada da última terça-feira, e foi deixado em uma casa semi-abandonada sem proteção policial. ;Não cabe a nós decidir se ele tem ou não os requisitos para ser inserido no programa e beneficiado com a proteção. Vamos fazer o requerimento. Quem vai dizer se o rapaz pode ou não ser beneficiado é a direção do programa;, disse o promotor Édson Guerra.

Ele e o ouvidor-agrário nacional adjunto estiveram no assentamento Chico Mendes e ouviram os moradores. ;As pessoas estão muito assustadas. O sentimento é de intranquilidade, principalmente daqueles que vivem mais perto do local das execuções;, comentou João Pinheiro. Policiais da Companhia Independente de Policiamento na Caatinga (Ciosac) estão fazendo rondas durante o dia e à noite no assentamento. Mesmo assim, agricultores permanecem com medo.

Embora o delegado Sérgio Moura, responsável pelas investigações, já tenha ouvido 15 depoimentos, ele ainda não descobriu o motivo da chacina. Ele descartou apenas a hipótese de latrocínio, já que nenhum objeto foi levado das vítimas e continua afirmando que a causa agrária não é a linha principal da investigação. O delegado adiantou que está fazendo um levantamento dos antecedentes criminais dos agricultores assassinados. Segundo Moura, o líder do assentamento, João Pereira da Silva, 39, é o que tem a ficha mais limpa. ;Mas isso não significa que não pudesse ter inimigos. Não dá para deixá-lo isolado da investigação;, observou.

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