Brasil

Governo subestima propagação da Influenza A (H1N1)

postado em 13/07/2009 08:25
A morte de uma menina de 11 anos em Osasco (SP) que contraiu influenza A, conhecida como gripe suína, levantou dúvidas sobre a circulação do vírus H1N1 no país. O governo nega que haja transmissão sustentada em território brasileiro, quando a doença é contraída no país. Mas especialistas ouvidos pelo Correio avaliam que não é possível assegurar isso com tanta certeza. E dizem que o Ministério da Saúde se precipitou ao determinar que os exames em laboratório para confirmar a infecção sejam feitos apenas em pacientes com sintomas graves ou por amostragem. A garota, que morreu em 30 de junho por complicações da nova gripe, não viajou para o exterior. A família diz que ela não conhecia ninguém que havia contraído a doença. Os pais e um irmão da garota também foram infectados pelo novo vírus. A infectologista e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Nancy Bellei afirma que a situação precisa ser vista com cautela. ;Concordo que não é o suficiente para dizer que temos transmissão sustentada. Mas não concordo que é possível garantir que não temos. Para assegurar isso, teríamos que ter dados laboratoriais mais consistentes. Precisaríamos estar coletando muito mais amostras, o que não estamos fazendo neste momento. Esse episódio pode sim ser a ponta de um iceberg;, avalia. Integrante do comitê de acompanhamento da Influenza A da Sociedade Brasileira de Infectologia, Nancy diz que o Ministério da Saúde adotou cedo demais a estratégia de restringir os exames laboratoriais para confirmar a doença. No início do alerta para a epidemia, o teste era feito em todos os casos suspeitos. ;É uma medida que iria acontecer num dado momento. Mas deveria ter passado por uma etapa intermediária: fazer em alguns casos leves para ter um quadro epidemiológico mais detalhado.; O infectologista Stefan Cunha Ujvari vai além e afirma que o procedimento do ministério pode comprometer a constatação sobre a circulação sustentada do vírus ou não. ;É preciso primeiro ter essa certeza para, aí sim, não fazer mais exames. Tudo leva a crer que o vírus começou a circular, como ocorre com qualquer outro vírus;, afirma. O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Gerson Penna, rebate as afirmações. Doutor em medicina tropical, ele diz que o órgão levou em conta critérios técnicos e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). ;O mais importante é fazer os exames nos casos graves, em que pode haver mutação do vírus;, argumenta. Em risco Médicos afirmam que pessoas com obesidade mórbida podem ter complicações caso sejam contaminadas pelo vírus. De acordo com o infectologista Artur Timerman, o tratamento desses pacientes exige cuidados redobrados. ;Eles têm maior dificuldade do movimento respiratório. Qualquer processo que impeça o fluxo natural de ar e a eliminação de secreções certamente causa uma complicação maior;, afirma. A OMS está atenta a isso e analisando dados estatísticos na América do Norte e na Europa para avaliar se a obesidade pode ser um fator de risco para a gripe A. <--
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--> Quem deve ficar atento <--

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--> <-- --> Pessoas com obesidade mórbida costumam ter menor capacidade de expansão pulmonar e podem ficar com a respiração ainda mais comprometida em caso de infecção pelo vírus A H1N1. O mesmo pode ocorrer com quem tem doenças respiratórias como asma, bronquite e enfisema pulmonar. Quem está acima do peso e sofre de diabetes também deve estar no chamado grupo de risco para influenza, segundo os especialistas. A doença compromete o funcionamento do sistema imunológico ; o que pode ser um complicador para infectados pela gripe A. Doenças renais, distúrbios na tireoide, e tratamentos para o combate ao câncer comprometem as defesas do corpo e podem ser um fator de risco. O mesmo ocorre com portadores do vírus HIV, de problemas cardíacos ou de doenças hematológicas, como anemia crônica. Idosos, gestantes e crianças menores de dois anos também estão mais suscetíveis à gripe, devido à condição de fragilidade no sistema imunológico.

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