postado em 13/07/2009 09:00
O estudo Violência e Convivência nas Escolas, realizado por pesquisadores da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), aponta que mais de 60% dos docentes entrevistados têm certeza de que seus alunos vão abandonar os estudos para trabalhar. Além disso, só 15% dos professores acreditam que eles vão terminar o ensino médio e encontrar um bom emprego. ;Na verdade, essa visão replica o que acontece na sociedade. Essa falta de crença no aluno é a mesma falta de crença e de compreensão que cerca o jovem de forma geral;, afirma a autora do estudo, Miriam Abramovay.
Para a educadora Guiomar Namo de Mello, a resposta dos professores não é simplesmente pessimista, mas está contaminada pelo que eles veem todos os dias na escola. ;É uma atitude fatalista, mas com uma base muito clara na realidade que ele vê todos os dias. Talvez ele simplesmente não encontre saída na circunstância em que está.; A educadora alerta que essas posições podem levar a um círculo vicioso - ;uma profecia que se autorrealiza;.
E uma outra pesquisa, divulgada em abril deste ano pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pode ajudar a entender esse círculo. O levantamento mostra que o principal motivo da evasão escolar de adolescentes é a falta de interesse. Dos jovens de 15 a 17 anos que abandonaram a escola, 40,1% deixaram por desinteresse. O trabalho é motivo para 27,1%; atualmente o ensino médio tem a maior taxa de evasão da educação básica - 661 mil estudantes entre 2005 e 2007. Entre 2004 e 2006 o número total de matriculados nas três séries caiu 2,9%, apesar de só 44% dos jovens de 15 a 17 anos, a idade correta, estarem matriculados.