postado em 14/07/2009 08:00
O menino da cidade de Sapucaia do Sul (RS) apresentou os primeiros sintomas em 1; de julho, foi internado no dia seguinte no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e morreu no dia 5. Foi sepultado na segunda-feira da semana passada. Ontem, a Secretaria Estadual da Saúde recebeu os exames comprovando que ele tinha o vírus da gripe A H1N1. Segundo o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, o menino sofria desde o nascimento de uma doença neurológica crônica que pode ter contribuído para o desfecho fatal do caso.A Secretaria acredita que o vírus possa ter chegado ao garoto a partir de um professor de Sapucaia do Sul, que foi com a família a Córdoba, na Argentina, país em que a situação é bem mais grave. Isso porque o professor e seus parentes teriam contraído o vírus no país vizinho ; o filho dele teve o caso confirmado ; e ele trabalha na escola onde o irmão adolescente do menino morto estuda. O adolescente também apresentou quadro gripal na ocasião.
[SAIBAMAIS]A evolução da doença foi muito rápida. No dia 1;, ao apresentar febre, o garoto de nove anos foi levado a uma consulta com seu clínico, que começou a tratá-lo como se estivesse com uma gripe comum. No dia seguinte, o agravamento do estado já motivou a internação no Hospital de Clínicas, onde o paciente foi para a UTI, com uma pneumonia grave.
Essa é a terceira morte por causa da chamada gripe suína no país, a segunda no Rio Grande do Sul. A morte anterior no estado, a primeira do Brasil, foi de um caminhoneiro de Erechim. Vanderlei Vial, 29 anos, morreu em 28 de junho, em Passo Fundo, onde estava internado, 13 dias depois de os primeiros sintomas se manifestarem, quando o caminhoneiro ainda estava na Argentina. Na ocasião, o Rio Grande do Sul tinha 76 casos confirmados de gripe A. Ontem, chegou a 129.
Segundo Osmar Terra, os milhares de caminhões que chegam da Argentina, do Chile e do Uruguai tornam uma questão de tempo a multiplicação dos casos aqui. ;A epidemia é inevitável em todos os lugares, principalmente aqui. O Rio Grande do Sul pode ser a fronteira de avanço do vírus. Em breve, seremos o estado com maior número de casos. Mas é preciso lembrar que, em 99% dos casos de gripe A, não é necessária nem mesmo a internação;, disse.
No dia em que divulgou mais uma morte, a Secretaria Estadual de Saúde também deu uma notícia animadora: a menina de São Gabriel com o vírus, internada em Santa Maria, já saiu da UTI, e está respirando sem a ajuda de aparelhos.
; OMS: vacina para todos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que é impossível impedir o avanço do vírus da nova gripe pelo mundo e que todos os países precisarão recorrer à vacina. Apesar disso, a diretora de vacinas da OMS, Marie-Paule Kieny, considerou remotas as chances de que o medicamento esteja pronto antes do início do inverno no hemisfério norte. O clima frio favorece a proliferação do vírus e infectologistas temem que a segunda geração do A H1N1 seja mais agressiva.
Os especialistas consultados pela OMS estabeleceram como prioridade a vacinação de quem trabalha no setor de saúde, para evitar que os profissionais sejam infectados e desfalquem os hospitais. Quanto às outras pessoas, Kieny informou que cada país deve orientar a imunização conforme sua prioridade. A diretora também confirmou que a obesidade é um fator de risco para pacientes infectados pelo A H1N1.
A Argentina, um dos países mais afetados pela nova gripe no mundo, convocou ontem os ministros da Saúde do Brasil, Bolívia, Chile, Uruguai e Paraguai para um encontro em Buenos Aires. Em comunicado, o Ministério da Saúde argentino afirma que quer ;avançar na coordenação de medidas conjuntas para combater a pandemia;.
A reunião será na quarta-feira. Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não confirmou presença no encontro. A nova doença já matou 94 pessoas na Argentina.
; Confusão no aeroporto
Um avião da Gol vindo de Manaus ficou retido na manhã de ontem no Aeroporto Juscelino Kubitschek por cerca de uma hora devido a uma suspeita da gripe. Um passageiro de 64 anos informou a tripulação que estava com dor de garganta. O comandante foi orientado a fazer o desembarque na pista. Todos os passageiros receberam máscaras e tiveram que preencher um formulário para informar dados pessoais e se estavam com sintomas de gripe antes de descer da aeronave.
O passageiro com os sintomas permaneceu no avião, onde foi examinado por um médico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que descartou a suspeita, já que o homem não tinha febre, não esteve no exterior recentemente e nem teve contato com um possível infectado pelo novo vírus. Ele foi liberado e seguiu viagem com a esposa para Aracaju (SE).