Brasil

Moradores na Amazônia defendem asfalto para BR-319

postado em 15/07/2009 08:47
Não importa o que dizem cientistas, engenheiros, políticos ou ambientalistas. Quem mora no entorno da BR-319 quer ver a estrada repavimentada. "Essa conversa de que o asfalto vai destruir a floresta é a maior balela", diz o taxista manauara Inácio Rodrigues Paiva, de 48 anos, que nos tempos de adolescente costumava cruzar a rodovia de caminhão com o irmão para buscar bananas em Ji-Paraná, no leste de Rondônia. "A estrada já está feita. O que tinha de ser desmatado já foi. Só precisa repavimentar", explica. Paiva, como muitos moradores da região de Manaus, propaga a tese de que a rodovia foi destruída propositalmente na década de 1980 pelas empresas de transporte fluvial que temiam perder negócio com a chegada dos caminhões. Nada foi provado, mas há quem jure ter visto as máquinas na estrada, arrancando o asfalto à força na calada da floresta. "Foi uma destruição criminosa", acusa Pires, conhecido por todos na região como Neguinho do Táxi. A BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), foi construída no início da década de 70, ao mesmo tempo que a Transamazônica. Funcionou bem durante uma década, até ser oficialmente desativada - ou propositalmente destruída, segundo os moradores locais -, no fim dos anos 1980. Atualmente restam 870 quilômetros de lama, buracos e pedaços de asfalto embrenhados na floresta. Palco perfeito para quem gosta de aventura, mas um pesadelo para quem uma dia já viu cargas e pessoas fluindo livremente por ali. Os únicos trechos com asfalto trafegável são as pontas da rodovia: 200 quilômetros a partir de Manaus e 200 quilômetros a partir de Porto Velho, aproximadamente. A reportagem percorreu de carro os primeiros 170 quilômetros da BR-319, de Manaus ao Rio Tupana, onde está sendo construída uma ponte, e conversou com pessoas ao longo do caminho para saber o que pensavam dos planos do governo federal de reconstruir a rodovia. Todos ecoaram a opinião de Paiva: querem a estrada de volta. Todos reclamam do Ibama e do ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, que faz oposição ao projeto de reconstrução do Ministério dos Transportes.

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