Brasil

Saúde une estado e município no combate à nova gripe no Rio de Janeiro

postado em 21/07/2009 08:32
Ao mesmo tempo em que tenta driblar as carências estruturais, a área de saúde pública, tanto na cidade quanto no estado do Rio de Janeiro, luta contra o conflito de informações e orientações repassadas aos usuários do sistema. [SAIBAMAIS] Diante da confirmação da primeira morte por influenza A (H1N1) - gripe suína, na última quinta-feira (16/7), uma nota conjunta das secretarias estadual e municipal de Saúde, parece ter sido o combustível que faltava para alarmar a população e expor problemas graves como a falta de médicos. Enquanto vereadores da Comissão de Saúde da Câmara carioca vistoriavam na manhã de segunda-feira (20/7) o Hospital Souza Aguiar - um dos mais requisitados da rede pública municipal -, drogarias informavam o aumento de até dois mil por cento na venda de álcool em gel e a procura crescente por máscaras protetoras. Os vereadores encontraram embalagens com 22 mil delas numa sala do hospital, reservada ao atendimento de casos suspeitos e ainda desativada por escassez de profissionais qualificados. A subsecretária municipal de Saúde, Anamaria Schneider, explicou que médicos serão deslocados para o atendimento aos suspeitos de contrair o vírus da Gripe A, mediante gratificação sobre o salário, mas não adiantou data. Ela anunciou também a criação de cinco novos postos de orientação popular sobre a doença, nos mesmos moldes do ônibus itinerante. O ônibus, batizado de Prevenção à Gripe A, atendeu mais de três mil pessoas e já passou pela Gávea, Barra da Tijuca, Cinelândia, Central do Brasil e pelo Mercadão de Madureira. Desde o começo desta semana e até quarta (22/7), ele atende em Bangu, e nos dias 23 e 24 estará em Bonsucesso. A iniciativa é das duas secretarias. A prefeitura destaca não haver motivo para pânico não só no ônibus, mas em todo atendimento e no material distribuído. "O importante nesse momento é que todos mantenham a calma e adotem medidas rotineiras de higiene", ressaltou a subsecretária. Segundo ela, alguns cuidados básicos podem ajudar no combate como lavar as mãos frequentemente com água e sabão, evitar tocar nos olhos, nariz ou boca, não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal e cobrir o nariz e a boca com lenço ao tossir ou espirrar. Os principais sintomas da doença são febre e tosse, podendo ser acompanhadas de coriza, dores no corpo e dor de garganta. A rede municipal de apoio a quem apresente sintomas da influenza A é vasta e inclui mais de 170 endereços de hospitais, postos de saúde, estratégias de saúde familiar, unidades integradas de saúde e outras instalações municipais. Abrangem os mais variados e distantes bairros e favelas, como as dos complexos do Alemão e da Maré. Na lista, destacam-se os grandes hospitais Souza Aguiar, Salgado Filho, Miguel Couto, Lourenço Jorge e Paulino Werneck. A população pode encontrar orientação nestas instituições, ao contrário das Estratégias de Saúde da Família (antigos Postos de Saúde da Família) que atendem apenas pessoas cadastradas e em muitos casos encaminhadas para pontos mais preparados e equipados da rede oficial. Nas estratégias contatadas por telefone, funcionários sequer sabiam da mudança na nomenclatura dos postos. Na área estadual, recebem pacientes hospitais em subúrbios cariocas como Realengo, Marechal Hermes, Penha, Santa Cruz, Campo Grande, Cavalcanti e Coelho Neto, e ainda em outros municípios, como Caxias, Nilópolis, Itaboraí, Niterói, São Gonçalo, Barra de São João, Araruama e Casimiro de Abreu. O superintendente de Rede de Unidades Próprias do estado, Luiz Maurício Plotkowski, informou que o Rio de Janeiro tem quatro hospitais de referência para internação de pacientes com influenza A: o Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), Instituto Estadual de Infectologia, localizado no Iaserj Central, o Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e o Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na rede própria, a média mensal de serviços de prontoatendimento e emergências, é de 18 mil, e a rede conta com cerca de 8,5 mil médicos. O estado mantém ainda uma rede de 22 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), cada uma com 12 mil atendimento/mês, em média, feitos por cerca de 75 médicos. Desde a confirmação da morte da mulher de 37 anos pela influenza A, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da Secretaria Municipal de Saúde investiga os contatos da paciente. Ela foi internada cinco dias depois de apresentar sintomas claros da doença em um hospital particular, onde morreu no dia 13 último.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação