O Zoológico de Goiânia amanheceu fechado para a visitação nesta terça-feira (21/7). Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e representantes do Ministério Público Federal e Estadual se reuniram com o diretor do zoo Raphael Copertino e decidiram, em comum acordo, pela interdição do local por 45 dias.
A situação do Zoológico goiano ficou insustentável após a morte de sete animais de grande porte neste ano. Entre elas está a da girafa Tico, de propriedade do Le Cirque, apreendida pelo Ibama em agosto de 2008. Segundo laudo do hospital veterinário da Universidade Federal de Goiás, o animal morreu vítima de uma anemia crônica.
Além da girafa, morreram dois hipopótamos, um leão, uma onça pintada, um tamanduá-bandeira e neste sábado (18/7) um jacaré-açu. Segundo Cupertino, as mortes não possuem correlação e são fruto de "problemas diversos, como infecções e idade avançada".
O diretor do zoo afirmou que a interdição é necessária para que os recintos sejam reformados e todos os animais examinados. Serão feitos, ainda, exames clínicos, profiláticos e vermifugação. O objetivo é conhecer as reais condições de saúde de cada um dos cerca de 600 animais.
Férias
A interdição acontece no período de férias, quando muitos goianienses levam seus filhos para passear no local. Neste domingo, centenas de pessoas, muitas em família, lotaram os corredores do zoo. Por volta das 16h (uma hora antes do fechamanto dos portões) uma longa fila se formava na porta de entrada. Boa parte dos visitantes vinham a procura da girafa Kim, que há seis meses faz a festa de crianças e adultos.
Restituição
Luis Stevanovich, proprietário da Girafa Kim, está em Goiânia para tentar, por meio da Justiça, a restituição do animal. Ele teme pela saúde de Kim, já que mesmo após a morte da girafa Tico, não foram realizados exames de sangue para análise do estado físico do animal. Segundo Cupertino, o exame ainda não foi feito por causa da dificuldade em imobilizar o animal.
"Não podemos sedar a girafa. Ela pode machucar o pescoço ou mesmo a cabeça com a queda", justificou o diretor. Segundo Cupertino, entre as causas da morte de Tico está um traumatismo craniano, ocorrido no momento em que o animal cambaleou e bateu a cabeça na cerca do rescinto. O médico veterinário do Le Cirque em Goiânia Ezequias Espíndola Neto, afirma que basta a presença do proprietário para que seja possivel a extração do sangue, sem a necessidade de sedar o bicho. "O animal é dócil, enquanto Luis distrai a girafa com comida e carinho eu retiro o sangue" ensina.
Stevanovich teme que com esta interdição seu animal seja transferido para outro zoológico. " Eles (o Ibama) querem dificultar as coisas, para isso vão fazer de tudo para transferir a girafa para um zoológico particular". Segundo o dono do Le Cirque, após a apreensão os seus animais passaram a sofrer maus tratos que resultaram na morte de dois bichos e um quadro de anemia da elefanta Madras, que está no Zoo Parque de Itatiba - SP. " Nossa querida Madras está magra, já perdeu cerca de uma tonelada, além de ter sofrido agressões que resultaram em feridas na cabeça. Estamos morrendo junto dos nossos animais", lamentou.
Investigação
O Zoológico de Goiânia é alvo de denúncias de tráfico de animais e maus tratos, além de ter condições precárias na estrutura física oferecida aos animais. O Ministério Publico Federal (MPF) investiga as denúncias de tráfico, enquanto o Ministério Público de Goiás (MP-GO) apura as condições dos recintos . O zoo foi vistoriado por estes orgãos e o Ibama em Abril, quando já havia a preocupação com a morte dos animais. Com a interdição zoo ocorrida nesta terça-feira (21/7) O MP-GO espera o laudo pericial do Ibama para elaborar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).