postado em 21/07/2009 15:30
Ao comentar os dados de pesquisa divulgada nesta terça-feira (21/7) sobre violência contra adolescentes, a subsecretária dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Carmen Oliveira, afirmou que a estimativa de mais de 33 mil assassinatos entre jovens de 12 a 18 anos no período de 2006 a 2012 causou surpresa.
Isso significa que teremos 13 mortes diárias por assassinatos de adolescentes. Considerando a preocupação brasileira com a gripe suína, em que cada morte é contabilizada dia a dia, é importante que a sociedade tenha a mesma indignação e preocupação com essas vidas perdidas na adolescência, disse.
De acordo com a subsecretária, a SEDH fez esta semana uma espécie de pactuação com gestores municipais e estaduais sobretudo dos municípios com os maiores índices de assassinato na adolescência para organizar ações conjuntas, diagnósticos locais e enfrentamento integrado do problema.
Ela reconheceu a ineficiência e a insuficiência de políticas públicas, inclusive diante de situações como a evasão escolar. Com isso, lembrou Carmen, o adolescente acaba indo para a rua e encontrando na criminalidade uma fonte de sobrevivência.
Segundo o professor Inácio Cano, membro do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o Brasil é um dos países mais violentos da América Latina, atrás apenas de El Salvador e da Venezuela. Isso levando em consideração que a América Latina já é uma das regiões mais violentas do mundo.
Ele avaliou que no país há um problema centralde violência letal Para Cano, as políticas públicas brasileiras estão voltadas para a violência contra o patrimônio quando deveriam priorizar a violência contra a vida.
"Está na hora de o Brasil mudar suas prioridades, disse, ao ressaltar que a probabilidade de um adolescente brasileiro ser vítima de arma de fogo chega a ser três vezes maior do que a de ser assassinado de outra forma. A arma de fogo tem que ser sempre foco em qualquer política de prevenção.
Na avaliação do representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Manuel Buvinich, 60% dos ganhos que o país alcançou com a redução da mortalidade entre crianças de até 5 anos se perdem diante dos altos índices de assassinato de adolescentes. Ficamos muito preocupados com o fato de a violência letal começar tão cedo, aos 12 anos."
A coordenadora do Programa de Redução da Violência Letal do Observatório de Favelas, Raquel Viladino, traçou um perfil dos adolescentes que mais morrem por homicídio no Brasil: são meninos, negros e moradores de favelas ou de periferias dos centros urbanos. Segundo ela, há ainda forte relação com o tráfico de drogas.