Brasil

Confimada primeira morte por gripe suína no Paraná

Secretaria diz apenas que se tratava de uma mulher de Jacarezinho. No Rio Grande do Sul, prefeituras cancelam festas

postado em 22/07/2009 08:41
A Secretaria de Saúde do Paraná confirmou ontem (21/7) a primeira morte por causa da nova gripe no estado. O órgão divulgou apenas que se trata de uma mulher adulta que morava em um município da região de Jacarezinho, a 388km de Curitiba. Ela apresentou os primeiros sintomas no último dia 9 e, dois dias depois, o quadro evoluiu para uma pneumonia. A moça morreu em 16 de julho. A secretaria informou que não vai mudar as ações de vigiância adotadas no estado. [SAIBAMAIS] No Rio Grande do Sul, onde a situação ainda é problemática, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) cancelou todos os eventos programados para os meses de julho e agosto como medida preventiva para evitar a propagação do vírus influenza A H1N1 na região central do Rio Grande do Sul. A decisão, tomada ontem pela reitoria, cancela o 24º Festival Internacional de Inverno, que reuniria professores e estudantes de música de vários países no distrito de Vale Vêneto, em São João do Polêsine, entre 26 de julho e 2 de agosto. No norte do estado, a Universidade de Passo Fundo cancelou todas as formaturas previstas para os próximos dias. A colação de grau dos estudantes que concluíram seus cursos no primeiro semestre será feita em gabinete, sem o caráter solene. Ouça trechos da entrevista com o prefeito de Barra do Quaraí (RS), Maher Jaber TRÊS PERGUNTAS PARA Maher Jaber, prefeito de Barra do Quaraí (RS) Por que a cidade decretou estado de emergência? Nós vemos um pouco de excesso de preocupação junto à população e ela passa a cobrar providências. Nesses últimos 40 dias, se observou que na unidade básica de saúde o atendimento médio diário, que era de 30 pessoas, passou para 90, até 100 pessoas. Isso fez com que a gente se preocupasse com a questão de aquisição de medicamentos e contratação de mais médicos. Há clima de pânico no município? A gente tem feito uma conversação via rádios comunitárias, nos veículos escritos também e o estado de emergência é uma forma de prevenção e de alertar os demais órgãos e esferas, estaduais e federais. O medo existe. Não podemos esperar as coisas acontecerem. Estamos tomando as precauções possíveis. O senhor teme que a situação fique pior do que na Argentina ou no Chile? Nós temos cinco suspeitas porque o único laboratório é em Porto Alegre e encaminhamos os exames há mais de 25 dias. E até agora não vieram os resultados. Eu acho que a tendência, pela situação geográfica, é que vai aumentar. Artigo - por José Gomes Temporão (*) Corrida aos hospitais é em vão Não há qualquer razão para uma corrida desenfreada a hospitais. É compreensível que, diante de uma nova doença como a influenza A (H1N1) - que está sendo estudada em tempo real pelas autoridades sanitárias do mundo inteiro -, as pessoas fiquem mais apreensivas e com dúvidas sobre como agir em relação a ela. Nesse momento, a transparência e a informação têm papel fundamental para manter a tranquilidade e segurança sobre as providências que estão sendo tomadas para proteção da população. É importante ficar claro que a nova gripe tem características muito parecidas com as da gripe comum, seja nos sintomas ou no número de mortes. Em 99,6% dos casos, as pessoas se recuperam bem. A maioria absoluta dos doentes tem quadros leves e volta às suas atividades rapidamente. A recomendação, assim como nos casos de gripe comum, é buscar a orientação de um médico de confiança, do plano de saúde ou do posto de saúde mais próximo. Nesses locais, os pacientes serão avaliados e terão indicação do tratamento mais adequado. Se for o caso, o paciente será encaminhado a um hospital de referência para tratamento da nova gripe. Os principais sintomas são febre, tosse, dor nas articulações, coriza e dor de garganta. Precisamos garantir atendimento ágil e de qualidade a todos, e principalmente àqueles que mais inspiram cuidados. Portanto, os hospitais devem estar disponíveis para atender aos casos considerados graves e pacientes que tenham doenças pré-existentes ou outro fator de risco. Vale ressaltar que não é preciso o resultado de exames para que as pessoas recebam tratamento imediato, quando indicado. São os sintomas dos pacientes e a avaliação do médico que definirão a utilização do medicamento específico para a doença. O fato de o Brasil não ter medido esforços para retardar a circulação do novo vírus evitou a proliferação de casos por mais de 80 dias, desde o alerta da Organização Mundial de Saúde sobre a doença. Mantivemos a rede de vigilância sanitária e epidemiológica plenamente em funcionamento nesse período para propiciar toda a segurança necessária à população. A etapa na qual ingressamos na última semana, quando descobrimos o primeiro indício de circulação do vírus no país, não deve provocar alarde. Nossa rede de saúde preparou-se para um cenário como este desde 2000. As ações do Brasil estão propiciando pronta resposta desde o surgimento da doença, antecipando-se às recomendações da Organização Mundial de Saúde. Além de 68 hospitais de referência, com 900 leitos para os casos mais graves, há medicamento para uso imediato dos pacientes, quando indicado, outros 9 milhões em estoque e 800 mil que chegarão até setembro. Como meio de prevenção, há uma forma simples: lavar bem as mãos e com frequência. Isso é necessário, pois, quando a pessoa está infectada, pela tosse ou pelo espirro, ela lança gotinhas de saliva ou secreção que podem conter o vírus e acabam depositadas em mesas, tecidos, maçanetas, corrimãos, etc. Para quem está gripado, é importante cobrir a boca e o nariz com um lenço descartável ao espirrar ou tossir. Também é recomendado não compartilhar talheres, pratos e objetos de uso pessoal e manter os ambientes bem ventilados. O Ministério da Saúde reitera que, em parceria com estados e municípios, está em alerta e tomando todas as medidas necessárias para a proteção da população. Quem tiver dúvidas deve procurar nossos canais de informação: www.saude.gov.br e Disque-Saúde: 0800 61 1997. * Médico sanitarista e ministro da Saúde

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