Brasil

Interior de Minas Gerais tem bons exemplos no combate à violência

Ricardo Beghini, Simone Lima
postado em 22/07/2009 09:23
Com mais de 200 mil habitantes, Divinópolis, a 120 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Centro-Oeste de Minas, foi apontada pela pesquisa como uma cidade exemplar. O percentual mostrado no estudo é de 0%. Resultado, segundo a administração pública e a Polícia Militar, de programas sociais e trabalhos preventivos voltados para crianças e jovens. Há 10 anos, começava o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) no município, com palestras e atividades sobre alcoolismo, entorpecentes e cidadania. Desde então, mais de 30 mil adolescentes, dos 10 aos 13 anos, passaram pelo projeto. Segundo o capitão Jocimar dos Santos, a repercussão do trabalho é cada vez mais positiva. "As diretoras das escolas comentam conosco que a atitude desses alunos vira outra depois do programa. Esse é nosso principal objetivo: trabalhar de forma preventiva para que esses jovens nunca cheguem a ingressar no mundo do crime e das drogas", diz. Todas as escolas da cidade já participaram. A Polícia Militar também atua no Arte e Vida, em que crianças de 8 a 14 anos aprendem a tocar instrumentos musicais, ao mesmo tempo que participam de atividades educacionais. "Usamos música para trabalhar valores como ética e cidadania", explica Jocimar. O projeto atende 70 pessoas, mas a expectativa é de que, ainda este ano, o número de alunos chegue a 100. Outra ação em curso na cidade é o Grupo de Educação Ética e Cidadania, que hoje atende mais de 100 jovens dos 16 aos 18 anos. Coordenada pela Secretaria de Promoção Humana, a iniciativa oferece cursos e atividades esportivas para adolescentes com família com renda per capita de até R$ 237. A secretaria também encaminha jovens para o Centro de Referência em Assistência Social, que atende 300 pessoas. De acordo com a coordenadora do centro sudoeste, Maria Conceição de Carvalho, os participantes aprendem valores como ética, cidadania, meio ambiente e cultura. "Um dia da semana é dedicado às atividades esportivas. Eles freqüentam ainda aulas de computação", conta. As iniciativas tem como objetivo ocupar o tempo dos adolescentes e mantê-los longe das ruas. Campo das Vertentes Em Barbacena, no Campo das Vertentes, onde o IHA é 0, a prevenção está no foco do trabalho das entidades envolvidas no apoio aos jovens na faixa etária de 12 a 18 anos. A presidente do Conselho Municipal dos Direito das Crianças e Adolescentes, Darlene Nunes, ressalta que o município tem 22 instituições que lidam, direta ou indiretamente, no apoio às crianças e adolescentes. Nas próximas semanas será criada uma nova entidade, o Conselho Municipal da Juventude. "A prevenção é trabalhada em todos os níveis, inclusive em projetos voltados para a família", ressalta a dirigente do conselho, que foi criado em 1993. A boa colocação do município, de 122 mil habitantes, também repercutiu no quartel da Polícia Militar. "Ficamos felizes e comemoramos com a cidade e com as pessoas envolvidas em projetos de proteção da criança e do adolescente", disse o tenente-coronel Carlos Bratiliere, comandante do 9° Batalhão PM. Na avaliação de Bratiliere, assim como em Divinópolis, uma das ações que contribuíram para o resultado é para o Proerd, desenvolvido desde 2000. "Todas as escolas do município participam", destacou. Para o comandante da PM, o desempenho positivo deve ser creditado ao conjunto de entidades que se empenham na defesa dos adolescentes, entre eles, os conselhos, o Juizado da Infância e Juventude e o Ministério Público. Quarto município do estado, com 510 mil habitantes, Juiz de Fora também obteve uma boa colocação, atrás de Barbacena e Divinópolis. O presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, Lindomar José da Silva, no entanto, avalia com cautela os números divulgados pelo Ministério da Justiça. Segundo ele, a pesquisa, por se tratar de uma média de todas as regiões da cidade, pode esconder problemas de violência na periferia. "Tivemos uma experiência há três anos, quando um estudo apresentava baixo índice de mortalidade infantil na cidade. Quando excluímos a área central, a situação ficou preocupante", ponderou ele, citando casos recentes de violência contra jovens que terminaram em morte.

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