Após a explosão de casos da gripe A (H1N1) no país, agora é o crescimento vertiginoso das mortes que começa a preocupar as autoridades brasileiras. O número de mortos saltou ontem para 29, com a confirmação de sete novos óbitos. O aumento nas estatísticas tem ocorrido dia após dia desde a divulgação da primeira vítima, em 28 de junho ; um caminhoneiro de 29 anos do Rio Grande do Sul.
Naquela semana, houve apenas uma morte registrada. Mesmo número da seguinte. Na semana passada, as confirmações saltaram para nove, e de domingo para cá, já passam de 18. O médico infectologista Alex Botsaris afirma que o cenário pode ficar pior. ;A epidemia é uma curva, então ela tem uma fase ascendente e depois uma descendente. Ainda estamos na fase ascendente e devemos ficar mais uma ou duas semanas nessa situação;, avalia.
A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro confirmou ontem mais quatro mortes por causa da nova gripe: um menino de 10 anos, outro de 6 anos, uma grávida de 29 anos e outra mulher, de 39 anos. Os óbitos foram registrados entre 14 e 19 deste mês. De acordo com a secretaria estadual, o garoto de 10 anos tinha um fator de risco. Mas o órgão não informou qual.
Custo social
Em São Paulo, a confirmação de novas mortes ontem à noite fez o estado assumir a dianteira no número de óbitos por causa da nova gripe, com 12. A doença também já matou 11 pessoas no Rio Grande do Sul, cinco no Rio de Janeiro e uma no Paraná. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, divulgado na semana passada, 1.175 pessoas já foram infectadas pelo vírus no país. O dado deve ser atualizado hoje.
[SAIBAMAIS]Apesar disso, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirma que 99,6% das pessoas se recuperaram sem complicações e que a taxa de letalidade é semelhante à da gripe comum. Mas o infectologista Alex Botsaris ressalta que o novo H1N1 tem causado mortes em um público-alvo diferente. ;A diferença é que a gripe comum não mata jovens, e essa nova doença mata jovens adultos. O custo social disso é imensamente maior;, afirma o especialista.
; ;Não haverá vacina para todos;
O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Reinaldo Guimarães, disse que a pasta vai pedir suplementação orçamentária para financiar a compra de vacina contra o vírus influenza A (H1N1). O acordo com fabricantes internacionais deve ser finalizado na próxima semana, quando será apresentado oficialmente um plano específico sobre produção e aquisição de insumos contra a nova gripe.
Em junho, o ministério iniciou entendimentos com um grupo de empresas estrangeiras que desenvolvem a vacina contra o vírus. O plano é que o produto possa ser usado a partir de 2010, numa eventual segunda onda. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, fez questão de ressaltar que a promessa do governo é de que dinheiro não vai faltar para os programas de combate à gripe. ;Ainda não fechamos quanto será produzido no Brasil e quanto será importado;, disse Guimarães. As negociações estão sendo feitas com a participação do Instituto Butantan.
Reinaldo Guimarães adiantou que o imunizante não será indicado para toda a população. Deverão ter direito ao produto profissionais de saúde e pessoas que se encaixam no perfil de risco para agravamento da doença.
;Não haverá vacina para todos;, disse Guimarães. Ele observou que, pelas características específicas, a vacina provavelmente terá de ser aplicada em duas doses. A da gripe comum precisa só de uma dose.