postado em 28/07/2009 08:00
As escolas públicas do Distrito Federal já haviam adiado o reinício das aulas por causa da Influenza A (H1N1), também conhecida como gripe suína. E as particulares, que não alteraram o calendário, retomaram as aulas com uma lição na cabeça de professores, funcionários e alunos: prevenir para não ter de remediar.Há uma razão bem clara para isso. A doença avança ; especialmente nas regiões Sul e Sudeste ; e já contabiliza 45 mortos, sete deles confirmados ontem. O estado paulista registrou quatro óbitos em um só dia e chegou a 20 no total. As secretarias estadual e municipais confirmaram uma morte em São Carlos, uma em Mogi-Guaçu e mais duas em Osasco, na grande São Paulo. No Paraná, os três novos registros foram na região de Curitiba. Desde o início da pandemia, houve ainda 16 mortes no Rio Grande do Sul e cinco no Rio de Janeiro.
Quase todas as unidades da federação registraram casos da doença, com exceção de Rondônia. O Ministério da Saúde já confirmou 1.566 casos em laboratório ou por vínculo epidemiológico, conforme boletim divulgado na semana passada. Mas o número pode ser bem maior, já que o exame só tem sido feito em casos graves e não mais em todos os pacientes com sintomas de gripe.
; Medidas necessárias
Os alunos de colégios particulares retomaram ontem a rotina escolar com um ;dever de casa; que também era aplicável à sala de aula: noções de higiene para as mãos e orientações sobre como evitar o vírus da gripe suína. A direção do Colégio Marista João Paulo II, no início da Asa Norte, espalhou frascos de álcool em gel pelos corredores da escola. E os alunos nem precisam ir até eles. Funcionários passam em cada classe no início da aula, antes e depois do recreio para que os alunos possam limpar as mãos ; uma das recomendações do Ministério da Saúde para se proteger da doença.
;Reunimos os professores na semana passada para repassar orientações. E também conversamos com os alunos, de sala em sala, para explicar, numa linguagem mais clara para eles, quais os sintomas e como se prevenir;, disse o coordenador Wilson Freitas, que também passou a andar com álcool em gel no bolso. A estudante da 6; série Lizandra Brandt, de 11 anos, aprova a mudança. ;Tem muitos casos da doença no Brasil, tem pessoas morrendo e eu fico com medo de pegar;, diz, com a honestidade característica das crianças.
[SAIBAMAIS]O colégio também intensificou a limpeza de maçanetas, corrimãos e grades nos corredores da escola. Na escola Monteiro Lobato, também na Asa Norte, a direção reforçou a faxina, principalmente na área dos alunos do ensino infantil. Cada criança leva de casa seu sabonete com toalha, para a limpeza das mãos. ;Também procuramos deixar as salas mais arejadas.Os professores foram preparados para identificar alunos com sintomas de gripe e também orientamos as crianças a não compartilhar o lanche, o mesmo copo ou o mesmo prato nesse período;, explicou Adriana Perez, uma das coordenadoras da escola.
Apesar das medidas de prevenção, alguns pais ainda estão desconfiados quanto à nova gripe. ;Eu não estou com medo, mas também não estou totalmente tranquila. Mas não tem como não trazer para a escola;, afirmou Isabele Carvalho, 35 anos, que levou a filha Maíra Marques, de 5 anos, para o primeiro dia de aula após as férias.
; Treinamento coletivo
A psicóloga Sandra Baccara, especialista em terapia infantil, avalia que trabalhar a prevenção nas escolas, como estão fazendo as instituições particulares em relação à gripe suína, é uma medida bem vinda. Ela destaca, entretanto, que é preciso cautela para não colocar os alunos em pânico. ;É preciso clareza para que a criança não fique com medo de ir à escola ou se afaste do colega só por causa de um espirro.; O Ministério da Saúde reforçou ontem que estudantes com sintomas de gripe só retornem à escola quando estiverem curados.
As secretarias de Educação e Saúde começam hoje o trabalho de capacitação dos profissionais das 620 escolas da rede. Na primeira etapa, até amanhã, será feito o treinamento de diretores, vice-diretores, supervisores e coordenadores pedagógicos. Na quinta e na sexta, essas equipes vão repassar as orientações aos docentes, para que eles possam identificar possíveis focos da doença nas escolas e dar informações sobre prevenção aos alunos. O GDF adiou para segunda-feira que vem o início do semestre letivo. Até lá, a promessa é que as escolas receberão álcool em gel, sabonete líquido, toalhas de papel e termômetros.
O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinep) informou que cada escola da rede privada vai indicar um representante para participar do treinamento oferecido pelo governo. Apesar disso, a presidente do sindicato, Amábile Pácios, descarta interromper as aulas. ;Começamos a preparação em maio. A participação nesse treinamento é só para alinhar o discurso nas duas redes.;