postado em 06/08/2009 09:27
Um fenômeno comum entre adolescentes e que tem alcançado proporções cada vez maiores está preocupando os especialistas que lidam com segurança na internet. O sexting, como é chamado o hábito de produzir fotos sensuais e enviar as imagens via internet ou pelo celular com o objetivo de iniciar ou complementar um namoro, pode terminar em uma grande dor de cabeça chamada pornografia infantil ou ciberbullying (humilhações entre jovens na internet).
Uma pesquisa inédita da ONG SaferNet aponta que 13% dos estudantes adolescentes ouvidos já publicaram fotos íntimas na internet, sendo que 39% desses já enviaram imagens assim mais de cinco vezes. O estudo, que também aborda outros temas do mundo virtual, ainda está em andamento e a partir de hoje será iniciado em Pernambuco.
Estudantes e professores terão dois meses para responder aos questionários pela internet no endereço www.safernet.org.br. O mesmo já foi feito em outros seis estados (GO, MA, MS, PA, PB, SP).
"Aliciadores e consumidores de pornografia infantil recebem essas imagens como um presente e colecionam as fotos, colocando-as num contexto de pornografia infantil", alertou o diretor de Prevenção e Atendimento da Safernet, Rodrigo Nejm. O sinal de perigo para os internautas mais jovens é acionado pela própria pesquisa.
Segundo o estudo da ONG, 49% dos estudantes já disseram ter recebido, sem querer, mensagens de pornografia adulta. Outro dado preocupante descoberto pelos pesquisadores é que 63% dos internautas de 10 a 15 anos usam a internet em lan houses,ou seja, sem os limites dos pais, o que significa um risco a mais para caírem na rede de criminosos virtuais. "Acho ridículo colocar esse tipo de foto na internet. Viajei para a Disney e disponibilizei minhas fotos apenas para algumas amigas no Orkut", contou a estudante da 8ª série Vitória Almeida, 14 anos. Outro cuidado que a jovem costuma tomar é com a foto do perfil do Orkut. "Minha mãe não quer que eu use a minha própria imagem então uso um desenho", explicou.
Oficinas
Outra novidade anunciada pela SaferNet nesta quinta-feira (6/8) no estado é o lançamento de oficinas, no mês que vem, para a capacitação de professores de escolas públicas e particulares em segurança na rede. A ideia é que se tornem multiplicadores entre os alunos.
Além disso, a ONG está fechando parceria com o governo estadual para distribuir kits pedagógicos nas unidades de ensino pernambucanas sobre o mesmo tema. "O kit possui vídeos didáticos, histórias em quadrinhos, fichas pedagógicas com sugestões de atividades em sala de aula, além de uma cartilha com dicas para tornar o uso da internet mais seguro", destacou Rodrigo Nejm.
Para a professora Vancleide Jordão, que atua no laboratório de informática do Colégio Apoio, a segurança na internet passa por educação básica também. "Não temos filtros no colégio porque ensinamos aos alunos desde pequenos sobre o uso responsável dessa ferramenta de comunicação", disse.