postado em 11/08/2009 14:21
Cerca de 2.000 trabalhadores rurais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Via Campesina continuam ocupando no início da tarde desta terça-feira a entrada principal do Ministério da Fazenda, em Brasília, para exigir que governo federal invista na promoção da reforma agrária no país, além do desenvolvimento dos assentamentos já instituídos. Apesar de a manifestação ser pacífica, ninguém entra nem sai do prédio. O ministro Guido Mantega não se encontra no local. Sem-terra também protestam em São Paulo e Alagoas. Na capital paulista, eles ocuparam a praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, desde ontem, na chamada Marcha Estadual do MST, que teve início em Campinas. Na manhã de hoje (11/8), saíram em passeata pela avenida Pacaembu e também passaram pela avenida São João.Em Alagoas, cerca de 600 agricultores de várias regiões do Estado chegaram na manhã de hoje à capital Maceió para se somarem às mobilizações que começaram ontem com a abertura do Acampamento Nacional do MST em Brasília.
[SAIBAMAIS] No Estado de Alagoas, marcado pela concentração fundiária e pela superexploração da mão-de-obra do campo na monocultura da cana-de-açúcar, são contabilizadas hoje 5.890 famílias acampadas.
Os sem-terra querem o descontingenciamento de R$ 800 milhões do orçamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para este ano e a aplicação na desapropriação e obtenção de terras, além de investimentos no passivo dos assentamentos. Segundo o movimento, parte significativa das famílias acampadas do MST está à beira de estradas desde 2003. O ato também exige o assentamento das 90 mil famílias acampadas pelo país e o investimento em habitação, infraestrutura e produção de 45 mil famílias que estão assentadas apenas no papel. A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária que acontece em todo o Brasil. Já estão previstas outras duas manifestações em favor da reforma agrária. No dia 14, o MST se reúne na Esplanada junto com entidades sindicais e estudantis para a reivindicação de pautas diversificadas sobre educação, crise financeira e reforma agrária. No dia 19, os sem-terra se mobilizam junto com representantes de sindicatos dos petroleiros para realizar uma passeata em favor da Petrobras e do petróleo nacional. Inicialmente, a expectativa é que a "jornada" dure uma semana, mas José Batista Oliveira, coordenador nacional do MST, admite que pode durar mais caso não notem nenhum avanço na efetivação das reivindicações. "Não pretendemos morar em Brasília, mas a jornada não tem previsão para acabar. Esperamos que o conjunto do governo - algum órgão ou o próprio Lula - se mobilize para efetivar."