Aerton Guimarães, Diego Moraes e Lilian Tahan
Desde o início da pandemia de gripe suína, os frascos de álcool em gel sumiram das prateleiras de supermercados e farmácias. A procura pelo produto despertou o interesse do comércio informal. O Correio flagrou ontem um ambulante vendendo o material no Plano Piloto, exatamente na rua das farmácias. ;Comprei no mercado e espero alguém querer comprar para eu vender;, disse João Trajano, que admitiu lucrar até R$ 0,50 em cada venda.
O problema é que o produto, comercializado dessa forma, acaba exposto ao sol, o que, segundo a Vigilância Sanitária do DF, pode comprometer a conservação. De acordo com o órgão, o álcool em gel só pode ser vendido em farmácias e supermercados com autorização. Comerciantes relataram ter visto camelôs em outros pontos da cidade vendendo o produto no meio da rua.
O gerente de vendas José Reinaldo da Cunha, responsável por uma rede de atacadistas, diz que o antisséptico sumiu das farmácias porque está difícil adequar os estoques ao aumento repentino da demanda. ;Estamos com dificuldades em receber e o que recebemos vai direto para o mercado;, afirma. Tanta procura fez o preço disparar na cidade.
Rotinas
Em alguns estabelecimentos, o frasco, que custava R$ 3, saltou para R$ 7,50, de acordo com levantamento do distrital Rogério Ulysses (PSB), da Comissão de Direito do Consumidor da Câmara Legislativa. Ele vai fazer uma ronda pelas farmácias nesta manhã e promete recorrer ao Procon se confirmar aumentos aparentemente abusivos. Mas quem ficar sem o álcool em gel não precisa se desesperar ; o epidemiologista José Evoide Moura diz que a velha mistura de água e sabão é suficiente para higienizar as mãos. ;A efetividade de água e sabão é semelhante à do álcool;, afirma.
Por causa da nova gripe, o Hospital Regional da Asa Sul (Hras) restringiu ontem a entrada de acompanhantes de mulheres em trabalho de parto, como forma de evitar o contágio pelo novo vírus. E com o aumento no número de atendimentos no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), a direção decidiu mudar os horários de visitas no pronto-socorro, que agora serão às segundas, quartas, sextas-feiras, sábados e domingos, entre as 15h e as 16h. Não será permitida a entrada de crianças, idosos e gestantes nas visitas.
[SAIBAMAIS] Enquanto hospitais alteram as rotinas, em agências bancárias da cidade, por enquanto, as mudanças são tímidas. ;Não colocaram nem álcool em gel aqui dentro nem deram máscaras para os caixas;, reclama o funcionário de uma agência na W3 Sul. Em alguns supermercados, os atendentes reforçaram a orientação para que os clientes limpem as mãos após manusear produtos como frutas e verduras.